Política

Clima fica tenso ao final da campanha de Leite e Sartori

MDB e PSDB, aliados históricos, experimentam enfrentamento direto pelo comando do Rio Grande do Sul

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26/10/2018 - 07h30min Correio do Povo / Foto: Alina Souza Corrigir

A disputa entre José Ivo Sartori (MDB) e Eduardo Leite (PSDB) esquentou nesta semana, na reta final da campanha que colocou dois aliados históricos no segundo turno da disputa ao Palácio Piratini. MDB e PSDB, que atuaram juntos nas administrações de Germano Rigotto (MDB), Yeda Crusius (PSDB) e mesmo na atual administração do Palácio Piratini, experimentam pela primeira vez um enfrentamento direto pelo comando do governo do Estado. 

A dois dias da votação final, no entanto, o clima ameno que havia imperado até então foi interrompido. Depois que Leite usou a expressão “levantar a bunda da cadeira” em um debate na semana anterior, Sartori passou a criticar suas abordagens. O candidato tucano disse que a declaração não era ofensiva e que tratava-se de um ditado popular como “arregaçar as mangas”, mas o atual governador sustentou que era um desrespeito, utilizando a frase inclusive em sua propaganda eleitoral. 

A briga direta entre os dois candidatos ao Piratini ficou mais acirrada ao longo dessa quinta-feira por conta da difusão de uma fake news contra Eduardo Leite. Uma postagem feita pelo próprio tucano em suas redes sociais, divulgada no final da tarde de quarta-feira, denunciou o ataque sofrido por ele. Na postagem, Leite mostra duas versões de uma mesma fotografia. Ao postar, o candidato escreveu: “Uma foto de família vira uma fake news de baixo nível e preconceituosa. O desespero pela derrota não tem limites. Quem não consegue lidar com as verdades, precisa lançar mão de mentiras sobre os outros!”. 

A declaração foi entendida no comitê adversário como um ataque a Sartori, que estaria sendo responsabilizado pela fake news, levando o governador a divulgar nota oficial negando qualquer envolvimento e criticando o que considerou ser postura de vítima por parte de seu adversário tucano. 

Além do posicionamento, Sartori levou a questão à Justiça. Sua Coligação – Rio Grande no Rumo Certo – ingressou com pedido de liminar para suspensão da postagem, com urgência e multa. O atual chefe do Piratini ainda entrou com representação junto à Justiça Eleitoral, solicitando que o Ministério Público Eleitoral e a Polícia Federal investiguem a origem da notícia falsa. “A foto carimbada e taxada como fake news foi impulsionada na própria página do candidato do PSDB no Facebook, alcançando mais de dois mil compartilhamentos. Segundo a assessoria jurídica do MDB, causou estranheza que o adversário tenha utilizado as postagens como propaganda política ao invés de solicitar às autoridades judiciária e policial a apuração do fato”, declarou a equipe de comunicação do governador. 

A campanha de Eduardo Leite também pediu a apuração dos fatos. Uma denúncia foi protocolada no final da tarde de ontem no Ministério Público Eleitoral (MPE). De acordo com levantamento da assessoria tucana, já são mais de dez ações dirigidas às autoridades por conta de propagandas consideradas ilegais, maliciosas ou ofensivas. O advogado da campanha de Leite, Caetano Cuervo Lo Pumo, afirmou ontem, após a apresentação da denúncia ao MPE, que as ofensas, ao seu ver, representam um “estelionato eleitoral”, com potencial de atingir a “normalidade e a legitimidade das eleições.” 

Leite: "Essa prática é suja" 

O candidato do PSDB ao governo, Eduardo Leite, lamentou “profundamente” no início da noite dessa quinta-feira o que classificou como uma “enxurrada de fake news” que afirma estar tentando atingir sua campanha. “Lamento que este tipo de prática suja esteja sendo tão amplamente utilizada. Já fui acusado de ser favorável ao aborto e à legalização das drogas, o que não é verdade. Agora, vejo uma foto da minha família, grosseiramente adulterada, manipulada para tentar denegrir minha imagem, colocar medo na população”, declarou. 

Embora não atribua a autoria dos ataques ao adversário, Leite sustenta que “é difícil acreditar” que as ofensas não provenham da campanha de José Ivo Sartori (MDB). “A propagação do material é abertamente realizada por apoiadores, entre os quais identificamos até mesmo pessoas filiadas ao MDB”, relatou o tucano. Para ele, tratam-se de “atos desesperados de representantes de um governo fraco, que não conseguem defender realizações porque há pouco o que defender”, provocou. 

Já o coordenador-geral da campanha tucana, Valdir Bonatto (PSDB), classificou como inadequada e desleal a “estratégia” que diz ter sido adotada pela campanha do adversário na corrida ao Palácio Piratini. Tanto Bonatto, quanto outros integrantes da campanha tucana, imputam a representantes da campanha de Sartori a responsabilidade pelas postagens ofensivas. “Em nossa avaliação, não há dúvida que estes ataques são orquestrados de dentro do MDB e da campanha do governador. A campanha teve diversos episódios de ataque, porém nos últimos dias houve uma intensificação de práticas equivocadas, antiquadas e que não agregam nenhum valor ao processo eleitoral. Temos consciência de nossa liderança, mas estamos impressionados com o nível de desespero do nosso adversário”, disparou Valdir Bonatto. 

O ex-prefeito de Viamão revelou que a recente postagem distribuída em perfis de redes sociais causou “profunda indignação” entre as pessoas que compõem a equipe de campanha. “Essa passou de todos os limites. Não se usa a imagem da família de uma pessoa para tentar atingi-la. Isso é desrespeitoso demais. É o retrato do que há de pior na política”, qualificou. 

Sartori: "Ele quer se vitimizar" 

O governador José Ivo Sartori, cuja equipe de campanha viveu um dia tenso ontem, divulgando notas oficiais e ingressando com ação na Justiça Eleitoral, afirmou que seu adversário (Eduardo Leite) o acusou “diretamente” de propagar fake news a seu respeito. Na visão do candidato à reeleição pelo MDB, a manifestação do tucano nas redes sociais escancara uma postura de vitimização do ex-prefeito de Pelotas. 

“Ninguém precisa se vitimizar. Nunca fiz isso”, declarou Sartori ao Correio do Povo. O atual governador disse que, ao longo de sua vida pública, foi atacado diversas vezes e que também já foi alvo de fake news, mas que sua reação sempre foi a de procurar as autoridades, sem alarde, e recomendou que o adversário faça o mesmo. “É preciso maturidade para, justamente, lidar com as críticas e com as pessoas”, afirmou. 

Ao dizer que, em seu entendimento, Leite o acusou, o atual governador complementou: “Qualquer coisa que acontece, ele quer colocar no meu nome”. Sartori garantiu ainda que não vai modificar sua maneira de agir por “algumas provocações”. Apesar de dizer não quer “valorizar” a situação, ao longo do dia de ontem o candidato à reeleição divulgou duas notas oficiais e um vídeo refutando a postagem na qual Leite expõe a notícia falsa a seu respeito. “Minha história, minha vida pública, não permitem que ele faça tal acusação. Às vésperas da eleição, não é difícil compreender o objetivo oportunista: se fazer de vítima frente ao eleitor”, disse o governador. 

No mesmo vídeo, Sartori destaca que o único candidato punido pela Justiça Eleitoral por “fazer propaganda enganosa e manipular a verdade” foi Leite, referindo-se à propaganda eleitoral em que o tucano comparava os percentuais de votação e rejeição entre a cidade de Pelotas e do Estado e que foi retirada do ar pelo Tribunal Regional Eleitoral. Para os dois últimos dias antes do pleito, a estratégia emedebista, conforme Sartori, será dar continuidade ao que foi feito durante o primeiro turno, como reforçar a importância da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal. O candidato afirma que ainda deve passar pelas regiões Metropolitana e Sul, além de municípios da fronteira. 

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