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"Política de preço é sinal do nosso atraso" diz Castello Branco

Novo presidente da Petrobas é contra criação de subsídios

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20/11/2018 - 10h53min Correio do Povo / Foto: Winton Júnior / Estadão Conteúdo / CP Corrigir

O economista Roberto Castello Branco, novo presidente da Petrobras a partir de janeiro, é considerado um dos homens de confiança de Guedes. Ao jornal "O Estado de S. Paulo", Castello Branco se posicionou totalmente contra a política de controle de preços dos combustíveis que foi adotada pela ex-presidente Dilma Rousseff. "Não se vê política (de preços) para carne e para o arroz, por exemplo. Porque isso simplesmente é o mercado", disse ao jornal.

Em maio, os caminhoneiros pararam o País por causa do reajuste ao óleo diesel. O sr. acha que esse assunto foi bem conduzido pelo governo?

Não sei, porque não participei. Prefiro não dar opinião. Mas a raiz disto está na farra de crédito subsidiado do BNDES de 2007 a 2014. Isto, aliada à má condução da política econômica, levou o País à uma recessão brutal, afetando o setor de transporte de cargas.

O subsídio ao diesel tem de ser repensado?

Subsídio não resolve nenhum problema. Pelo contrário, acaba criando outros. Temos um sério problema de desequilíbrio fiscal. Não é recomendável que se mantenham subsídios como um todo. Vamos discutir essa questão mais à frente.

E a política de preços para os combustíveis?

Acho horrível se falar em política de preços. Isto é um sinal do nosso atraso. Não se vê política (de preços) para carne e para o arroz, por exemplo. Porque isso simplesmente é o mercado. O ideal é que tenhamos vários players de mercado e que cada um decida o que é o melhor para seus clientes. É o livre mercado.

O sr. já tem ideia de que ativos poderão ser vendidos pela companhia?

Vamos avaliar. Os detalhes serão discutidos depois de uma análise criteriosa. Parte das ações da BR Distribuidora já é negociada na Bolsa de Valores.

O governo pode se desfazer de uma fatia maior da empresa?

Vamos decidir depois. A Petrobras deverá vender ativos que não fazem parte do core business. Prefiro não especular. A Liquigás, empresa de gás de cozinha, chegou a ser vendida, mas o negócio foi barrado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Este é um ativo que não faz sentido a Petrobras ter no seu portfólio. O mercado de distribuição gás liquefeito ao consumidor é concentrado. Vamos encontrar uma maneira de colaborar para a desconcentração deste mercado, não para acentuar essa concentração.

Privatizar refinarias está no radar?

É algo que pode ser estudado. Há uma distorção onde uma única empresa detém 98% do negócio. É uma anomalia. Há uma corrente mais liberal que defende a privatização da própria Petrobras... Privatizar a Petrobras, neste momento, não está em discussão. Não tenho nenhum mandato do presidente Jair Bolsonaro para fazer isto. Outro assunto defendido pelo mercado é a quebra do monopólio do setor de gás canalizado. Esses assuntos deverão ser tratados, mas não envolvem exatamente só Petrobras. Envolvem políticas públicas, Congresso. Podemos dar nossa contribuição com ideias, mas não depende da Petrobras. O gás natural é uma fonte de energia que ainda é pouco tocada no Brasil. Temos um potencial grande de produzir em larga escala e atrair investimentos.

O sr. afirmou que o foco da Petrobras deverá ser na exploração e produção. Qual modelo deverá prevalecer neste processo?

Eu sou favorável a que se tenha um único regime de exploração, o da concessão para o mercado como um todo. No Brasil, há três regimes: concessão, partilha e tem ainda a cessão onerosa. Tenho forte preferência por um único regime. A concessão. Ponto.

O sr. considera este modelo mais atrativo para investidores?

Acredito que os investidores gostam mais do regime de concessão. Temos de tornar o País atrativo para se fazer negócios. Isso significa mais emprego, mais renda e a construção de uma nação próspera.

Qual será o papel da Petrobras no próximo governo?

Será de uma empresa estatal séria, produtiva e que contribua definitivamente para o desenvolvimento do País. Vamos investir mais em pré-sal, atuar em setores chave e vender o que tiver de ser vendido. No Chile, temos o exemplo da Codelco, maior produtora de cobre do mundo, que convive com outros players no mercado global e contribui para o desenvolvimento da economia chilena. O Chile é a melhor economia da América Latina. É um exemplo a ser seguido.

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