Cultura

Caçapava do Sul guarda dois sinos mais antigos que a história do próprio Rio Grande do Sul

Publicado: 12/04/2017 às 10:19 | Atualizada: 11/11/2020 às 23:50 | Diário de Santa Maria / Foto Édison Hüttner / Arquivo Pessoal
Juares da Luz

Dois dos três sinos da Igreja Matriz pertenciam a missões de padres jesuítas na Argentina e no Paraguai

Todos os dias, os moradores de Caçapava do Sul escutam o badalar dos sinos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção. Trata-se de um som habitual na rotina da cidade. Contudo, não sabem os habitantes do histórico município gaúcho que os toques que avisam os fiéis do horário das missas vêm de dois sinos seculares que são mais antigos que o próprio Estado do Rio Grande do Sul.

A datação dos artefatos foi resultado de uma pesquisa do professor e pesquisador Édison Hüttner, doutor em Teologia e coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Arte Sacra Jesuítico-Guarani da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Segundo ele, dois dos três sinos da Igreja Matriz pertenciam a missões de padres jesuítas na Argentina e no Paraguai.

A especulação de que sinos de reduções estrangeiras teriam sido levados para Caçapava do Sul é antiga. Em 9 de março de 1863, uma carta confidencial de José Pedro Gay ao presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, Esperidião Eloy de Barros Pimentel, já dava pistas desse caminho percorrido pelos instrumentos católicos, que teriam desembarcado na cidade em 1828. Mas a informação nunca teria sido confirmada oficialmente, tornando-se quase uma lenda local.

Uma análise em laboratório solicitada pelo professor da PUC-RS confirmou que foram fabricados em puro bronze, comprovando a autenticidade das datas indicadas nos dois mais antigos sinos suspensos nas torres da Igreja Matriz. Não há ouro misturado, como se acreditava. O mais antigo é de 1715. Ele pertencia à Redução de São Carlos, na Argentina. O outro é de 1732, e veio da Redução de la Santísima Trinidad do Paraná, no Paraguai, considerado patrimônio histórico da humanidade. Na época em que foram transferidos para Caçapava do Sul, possivelmente roubados das reduções estrangeiras, o governo imperial brasileiro tinha grande interesse por artefatos de ouro, prata e bronze.

– Este documento indicou os sinos em Caçapava. Mas também revela que muitos sinos missioneiros estavam no foco das economias do Império. Com certeza, este foi o destino de muitos sinos – afirma Hüttner.

Conforme o pesquisador, esses dois sinos se revestem de igual importância ao maior sino existente nas ruínas de São Miguel Arcanjo, na Região das Missões, que é de 1726. O mais velho dos artefatos em Caçapava é, portanto, antecessor ao que existe nas ruínas de São Miguel. Foi fabricado há 302 anos, 22 anos antes da criação oficial do Rio Grande do Sul, em 1737, a partir da fundação da cidade de Rio Grande. São, contudo, menores. Pesam cerca de 450 quilos, metade do peso do sino de São Miguel.

O estudo de Hüttner tem o poder de mudar parte da história que se conhece das missões no sul da América, por envolver reduções de três países.

– Na verdade, temos nas torres (da igreja) de Caçapava três países representados: Argentina, Paraguai e Brasil – ressalta.

O terceiro sino da igreja é mais novo, fabricado já no século 20. As missões dos padres jesuítas europeus no continente sul-americano tiveram início no século 16. O objetivo dos religiosos era evangelizar os índios nativos americanos. Para isso, foram fundados colégios e conventos, formando as reduções. No século 18, os religiosos foram expulsos por ordem das coroas de Portugal e Espanha. Todas as missões hoje se encontram em ruínas.

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