Um reencontro inesquecível entre moradores e ex-moradores da mesma comunidade, regado de muita alegria, contos de histórias antigas e lembranças, ocorreu no último sábado (21), na Vila do Faia - Núcleo 3 do Banhado do Colégio, a cerca de 24 quilômetros da cidade de Camaquã (RS).
Vindas de Guaíba, Viamão, entre outras cidades da região metropolitana de Porto Alegre e moradores locais, em clima de confraternização, reuniram-se cerca de 200 pessoas na sede da associação da Vila do Faia para participarem do 1º Encontro dos Velhos Amigos Moradores do Banhado do Colégio N/3. Cerca de 70% eram ex-moradores.
Além de um delicioso almoço com churrasco, bolo e doce, momento de reflexão e oração, exibição de fotos antigas e até mesmo um bailinho entre amigos à tarde, o encontro teve muitas recordações e depoimentos emocionantes de moradores que deixaram a Vila do Faia há mais de 40 anos para buscar novas oportunidades.
Álvaro Bueno, o Seu Cidoca, um dos moradores mais antigos da Vila do Faia, aos 73 anos de idade, contou que as primeiras colônias da Reforma Agrária foram entregues em dezembro de 1962, ocasião em que seu pai Sérgio Bueno recebeu um lote. Segundo Cidoca, o primeiro morador da Vila do Faia foi seu sogro Rosauro Rosales, que já é falecido há cerca de 20 anos. O Banhado do Colégio e a Fazenda Sarandi foram os berços da Reforma Agrária no Brasil, bancada pelo saudoso Leonel de Moura Brizola, que impulsionou o MASTER (Movimento dos Agricultores Sem Terra), antecessor ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Brizola criou o Instituto Gaúcho de Reforma Agrária.
“Quando o Brizola voltou do exílio, eu andei no colo do Brizola aqui dentro e ele pediu para falar comigo, aí ele disse assim, oh Ederaldo tu aprendeu aí que eu fiz reforma agrária no Banhado do Colégio, eu não fiz não, quem fez foram vocês que entraram banhado a dentro e eu não tive outra alternativa a não ser de assinar a reforma agrária”, contou ao Blog do Juares Ederaldo Dummer, o Seu Dedê, que aos 63 anos continua morando na Vila do Faia. Seu Cidoca e Seu Dedê disseram que atualmente residem cerca de 60 famílias na Vila do Faia
“Eu até nem queria vir neste encontro porque embora deixemos muitos amigos aqui é muito triste, é muito emocionante rever os lugares e lembrar da família que hoje já é falecida; meu pai, minha sogra, meu sogro e por último a minha mãe. É muito triste a gente chegar aqui e não encontrar as nossas raízes. Viemos para cá em 1962 e depois casei e sai daqui em 70 e poucos”, disse, com os olhos marejados, Luís Garcia, que aos 70 anos reside atualmente em Viamão, onde planta arroz. No áudio abaixo ele se emociona ao falar da tristeza que sente de ter deixado a família para ir embora.
ÁUDIO: clique AQUI e conheça a história do Núcleo 3 do Banhado do Colégio narrada por moradores antigos e depoimento emocionante de ex-morador!
VÍDEO: SLIDESHOW - apresentação das fotos do evento com uma bela canção de fundo!
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VÍDEO: veja algumas tomadas do evento!
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