Vivendo há 42 anos separadas por circunstâncias infelizes do destino, sem saber o paradeiro entre uma e outra, mãe e filha se localizaram na última quinta-feira (19). A localização da família foi oportunizada pela reportagem do portal de notícias Blog do Juares.
A mãe, Cleusa Alves de Souza, de 65 anos, reside em Presidente Epitácio, no Estado de São Paulo, na divisa com o Estado do Mato Grosso do Sul. Já a filha, Cristiane de Campos Matos, de 45 anos, reside em Camaquã (RS) desde o ano de 2000. Hoje, são cerca de 1.500 quilômetros que separam as duas.
A localização
Tudo começou quando Jefferson Cristiano Gomes, de 38 anos, irmão de Cristiane - fruto de um segundo casamento de Cleusa -, encontrou como referência na região o Blog do Juares para encontrar sua irmã, pois ela estaria morando em Camaquã. Então, em um segundo momento, ele entrou em contato dizendo que através de pesquisa pela internet teria localizado um provável endereço da irmã.
A reportagem do Blog do Juares realizou as diligências a fim de ajudar a curar a dor daquela triste mãe que não sabia por onde andava sua filha, desde que Cristiane tinha apenas 3 anos de idade. E para felicidade de todos, na tarde da última quinta-feira, 19 de julho de 2018, enfim, mãe e filha se localizaram. Com o uso do aparelho celular de nossa reportagem, extremamente emocionadas, elas conversaram e trocaram muitas palavras de carinho. “Benção mãe!”, esta foi a primeira frase que Cristiane disse no telefone. “Esta era a minha promessa, que quando eu encontrasse minha mãe a primeira coisa que eu ia fazer era pedir sua benção”, disse chorando à reportagem do BJ, logo depois que encerrou a chamada.
Na tarde deste sábado (21) o Blog do Juares voltou à casa de Cristiane a fim de produzir o material para a reportagem, e ainda oportunizou uma chamada de vídeo pelo WhatsApp entre ela e seus dois filhos pequeninhos com a mãe Cleusa, o irmão Jefferson e a cunhada. Novamente muita emoção tomou conta da situação. Nos dois contatos Cristiane chegou a passar mal.
Cristiane e a família
Cristiane mora em uma casa simples no bairro Carvalho Bastos, a cerca de 1,5 do centro de Camaquã (RS), com o marido Onilto de 42 anos, e os dois filhos; Alisson de 9 anos, e Thalisson de 2 anos e 7 meses, que é uma criança especial (Síndrome de Benedikt). O marido trabalha como pedreiro e ela cuida de uma idosa.
Cristiane ainda tem duas filhas; Élida, de um relacionamento que teve quando veio para Camaquã (RS), e Érica de um relacionamento em Limeira (SP). Élida é casada e mora em Camaquã e Érica em Limeira.
A história
Jefferson contou à reportagem do Blog do Juares que sua mãe foi casada com João de Campos Matos, na cidade de Limeira (SP), e teve uma filha chamada Cristiane de campos Matos e, quando Cleusa se separou de João ele ofereceu um papel para ela assinar argumentando que se tratava de uma documentação para a separação do casal. Como naquela época ela não entendia muito bem da papelada de cartório, acabou assinando a guarda da filha sem saber. Naquele tempo, Jefferson ainda não era nascido, mas a história foi contada por sua mãe.
“Sempre cresci sabendo que tinha uma irmã e minha mãe fala muito dela, sempre nas conversas de família vem o nome dela e, é por isso que sempre tento procurá-la por meio da internet, e acabei encontrado o Blog do Juares para me ajudar”, disse Jefferson à nossa reportagem.
Algumas vezes chorando e outras com os olhos cheios de lágrimas, Cristiane contou à reportagem do Blog do Juares que teve uma vida muito difícil. Com 3 anos seu pai a tirou da mãe e foi levada para a cidade de Andradina (SP), onde, mais tarde, João se casou com uma menina de 17 anos na época. João tinha entre 20 e 30 anos.
Segundo conta Cristiane, com o novo casamento do pai vieram os problemas, ele batia muito nela e acabou a levando para morar com os tios em Campinas (SP). Ela morava um pouco em cada casa. Depois disso, ela queria muito ver a mãe, mas o pai sempre dizia que não sabia onde ela morava.
Cristiane relatou também que foi itinerante por alguns anos e morou em diversos lugares, entre eles, Buenos Aires e San Carlos de Bariloche, na Argentina, Praia de Ilhabela (SP). E, em 2000 conheceu um camaquense que trabalhava como mestre de obras onde ela morava e a trouxe para Camaquã. Fruto deste relacionamento veio a Élida, de 18 anos.
“Lembro da mãe lavando roupas no quintal da casa e do vô na porta da casa cortando o calo do pé de canivete”, falou ela sobre suas recordações de criança.
“Passei a minha vida toda sonhando em encontrar minha mãe, foram 42 anos, até já tentei o suicídio por causa disso, e você Juares realizou o meu sonho, como eu posso te pagar por isso? Que Deus o abençoe”, agradeceu Cristiane.