Saúde

Urologistas alertam para uso “recreativo” de remédio contra impotência

Publicado: 08/12/2018 às 20:44 | Atualizada: 08/11/2020 às 00:14 | Agência Brasil / Foto: Divulgação / Pfizer
Juares da Luz

O uso prescrito de medicamentos contra a disfunção erétil reativa a vida sexual de homens impotentes e recupera a autoestima. O uso inadequado desses comprimidos, comprados na farmácia sem receita médica, pode fazer mal a saúde, alertam urologistas e outros especialistas.

Foi para sentir-se seguro que Willian, como prefere ser chamado, passou a usar aos 26 anos o Viagra. “Na época eu estava falhando mesmo. O negócio estava feio. O negócio estava ficando sem graça para o meu lado, vergonhoso [...] Estava com completo desinteresse.”

Hoje, aos 39, diz já ter usado vários tipos de medicamento em doses diferentes. Ele conta que, para melhorar a autoestima, costuma tomar o medicamento quando sai com uma nova parceira. Sem modéstia, Willian diz que, assim, dá “um espetáculo”.

Para o especialista Paulo Aguiar, do Conselho Federal de Psicologia, esse tipo de comportamento é  “um grande sintoma da sociedade”. “Isso [o uso do viagra] preenche vazios e inseguranças do sujeito”, analisou.

Aguiar ressalta que o uso indevido de remédios contra impotência expõe homens clinicamente saudáveis à dependência psicológica e reafirma padrões sociais nem sempre positivos, em que prepondera a virilidade masculina.

Uso recreativo

Alex Sandro Baiense, do Conselho Federal de Farmácia, aponta que o caso de Willian é generalizável. “Há um abuso do uso desse tipo de medicamento de pessoas que não tem quadro clínico que justifique o uso desse medicamento. Fica mais no campo do uso recreativo, da questão performática para causar impressão”. Ele lembra que a orientação aos farmacêuticos é de que “qualquer medicamento esteja com a indicação adequada”.

“Nenhuma medicação pode ser usada de forma aleatória, simplesmente alguém chegar à farmácia e comprar. Medicina não funciona assim. Medicina funciona quando há consulta médica, tem que ter uma orientação”, aconselha o urologista Carlos da Ros.

“A gente tem um universo pequeno de pessoas que têm contraindicação absoluta de usar esse tipo de medicação, mas há um universo grande de sintomas e sinais que podem ocorrer com o uso da medicação. Quando o paciente não é alertado disso, ele acaba se surpreendendo com o efeito colateral”, acrescenta o urologista Osei Akoamoa Jr.

Lucio Flavio Gonzaga Silva, cirurgião urologista, também condena o uso desnecessário e a falta de consulta ao médico. “Algumas situações contraindicam o uso desses medicamentos. Se você toma sem avaliação médica prévia, você pode estar em uma dessas situações de contraindicação e pode correr riscos graves. Nunca recomendamos o uso recreativo dessas substâncias”, completou.

O antropólogo Rogerio Lopes Azize, professor adjunto do Instituto de Medicina Social (Uerj), avalia que o consumo indevido de medicamentos para a disfunção erétil é sinal dos tempos. “Vivemos no ocidente contemporâneo em uma sociedade do desempenho, no qual nos vemos como um sujeito-empresa, cuja performance deve ser gerida e aprimorada. Isso atravessa e constrói a nossa subjetividade, influencia nossa relação com drogas em termos gerais, legais e ilegais”.

Cuidado

Pediatras dão dicas de como evitar quedas de crianças

Em dez anos, internações no SUS por esse motivo passaram de 335 mil

2 dias atrás

Sintomas parecidos, mas causas diferentes! Entenda a diferença entre virose, intoxicação alimentar e H. pylori

Cuidados com a higiene de mãos, alimentos e ambientes pode evitar os problemas

3 dias atrás

RS deve receber primeiro lote de vacinas contra a dengue nos próximos dias

Seis municípios gaúchos receberão as doses

3 dias atrás
Prevenção

Dia de conscientização contra a meningite: neurologista explica como se prevenir

Data representa a luta contra a doença no mundo

5 dias atrás
Dengue

RS registra mais seis mortes e se aproxima de 100 óbitos causados pela dengue

Essa já é a maior marca da última década

5 dias atrás
Fiocruz

Internações por gripe e vírus sincicial aumentam no Brasil

Casos de covid-19 têm tendência de queda

1 semana atrás