Rural

Manejo simples na criação de gado pode contribuir com redução de gases de efeito estufa

Pesquisa feita no Rio Grande do Sul indica que a altura adequada das pastagens pode mitigar os efeitos na agropecuária
Publicado: 04/11/2019 às 14:39 | Atualizada: 17/11/2020 às 07:52
Correio do Povo

Apontada com frequência como uma das responsáveis pelo aquecimento global, a criação de gado pode contribuir com a mitigação de gases de efeito estufa por meio de um manejo simples, baseado na altura das pastagens. A conclusão integra artigo científico publicado recentemente por pesquisadores do Rio Grande do Sul. O estudo será encaminhado ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), para que os dados de emissões relacionados à pecuária brasileira sejam atualizados. 

A principal conclusão do estudo, que teve como base o sistema de integração lavoura-pecuária, é que a adoção em larga escala de pastagens com altura entre 23 e 30 centímetros teria o potencial de alcançar até 14% da meta de mitigações de todo o setor agrícola estabelecida pelo governo brasileiro no Acordo de Paris. Considerando apenas a meta relacionada à fermentação entérica do setor pecuário, esta redução é calculada entre 22% e 25%. “Nossa pecuária feita em base de pasto acumula muito carbono. Quando fazemos a conta do que foi emitido com o que foi armazenado, estamos tendo uma emissão muito baixa ou até neutra de carbono”, afirma a pesquisadora Cristina Genro, da Embrapa Pecuária Sul, uma das coautoras do artigo. O texto foi publicado por um dos periódicos internacionais de referência na área de produção limpa, o Journal of Cleaner Production. 

A pesquisa foi desenvolvida pela Embrapa no âmbito da rede Pecus, que avalia a dinâmica de gases de efeito estufa e o balanço de carbono nos seis biomas do país, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). O IPCC calcula uma emissão de 56 a 70 quilos/ano de metano por animal da categoria de novilhos em terminação, enquanto que o desempenho calculado pela pesquisa é de 54 quilos em campo nativo puro e 48 quilos em sistemas melhorados. A emissão é medida por meio de um tubo colocado próximo ao focinho dos animais. “Estamos provando que o que está publicado no IPCC está superestimando as emissões brasileiras”, avalia Cristina. De acordo com ela, a pecuária brasileira é retratada pelo órgão internacional com números baseados em outros sistemas de produção. Um exemplo é o fator de emissão para a urina dos animais, que é calculado pelo IPCC em 2%, enquanto o estudo apontou 0,1%. 

A avaliação levou em conta a emissão do metano entérico por meio da respiração e eructação (mecanismo que o animal utiliza para regurgitar o alimento e mastigar novamente) dos ruminantes. Embora tenha sido feita em sistema de integração com a lavoura, a pesquisa também observa experimentos com campo nativo, inclusive com introdução de espécies exóticas como azevém e trevo vermelho. Nestes casos, há uma mudança na indicação da altura recomendada, que passa a ser de 8 a 12 centímetros na região da Campanha. O potencial, segundo Cristina, é de uma redução de mais de 30% na emissão do metano entérico. Para que a altura da pastagem esteja dentro do ideal também é necessário controlar o número de animais por hectare. “Se a lotação for muito alta, os animais vão ter baixo desempenho e muita emissão de metano por área”, explica Cristina.

A pesquisa não indica um parâmetro de cabeças por área, mas recomenda a observação da altura do pasto também para verificar a necessidade de colocar ou retirar animais. Em 2012, o governo federal lançou o “Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura”, conhecido como Plano ABC. Um dos compromissos do Brasil no Acordo de Paris foi o de fortalecer este programa, considerando-o “como a principal estratégia para o desenvolvimento sustentável na agricultura”.

A meta cita a restauração adicional de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e o incremento de 5 milhões de hectares de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) até 2030. “Ampliar a visão de sustentabilidade e implementar técnicas de baixo carbono podem gerar vários benefícios sociais, econômicos e ambientais para o setor, através de inovações tecnológicas que propiciem o aumento da produção de alimentos, gerem emprego e renda nas áreas rurais e protejam e conservem os recursos naturais, como a água e as florestas”, observa a gerente de clima do instituto WRI Brasil, Viviane Romeiro. O Ministério da Agricultura trabalha, atualmente, com a meta de reduzir a emissão de gases do efeito estufa em 37% até 2025 e 43% até 2030, em relação aos níveis de 2005. O Acordo de Paris começa a vigorar em 2020. 

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