Saúde

Ministro da Saúde muda discurso e critica quarentena

“Temos que melhorar esse negócio de quarentena, não ficou bom”, disse Mandetta, durante a divulgação do número de 57 mortos e 2.433 casos confirmados da covid-19 no Brasil
Publicado: 26/03/2020 às 08:37 | Atualizada: 16/11/2020 às 15:28 | O Sul

Depois do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, na noite de terça-feira (24), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ajustou o discurso e criticou, nesta quarta-feira (25), as decisões de Estados do País quanto à adoção de quarentena para evitar a propagação do novo coronavírus. Ele ressaltou, no entanto, a diferença entre os Estados, e voltou a falar na preocupação com o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que têm maior número de idosos.

O ministro da Saúde aproveitou a entrevista coletiva de divulgação dos números do coronavírus para falar sobre rumores de que sairia do cargo. “Hoje especularam se eu ia sair. Eu saio daqui na hora que acharem que não tenho que trabalhar ou se eu tiver doente ou no momento que eu achar que o período de turbulência já tenha passado e [meu trabalho] não seja mais útil”, respondeu.

O titular da pasta falou sobre a temática abordada pelo presidente Jair Bolsonaro em seu pronunciamento na terça, quando o presidente criticou as medidas de isolamento social estabelecidas pelos governadores e o fechamento de escolas. Mandetta classificou de uma “grande colaboração” e ponderou as iniciativas de quarentena determinadas por governos estaduais.

“Quarentena sem prazo para terminar vira parede na frente das necessidades das pessoas que precisam comer, ir e vir, obter gêneros, pois isso faz parte da sobrevivência. As questões econômicas são importantíssimas e fazem parte da fala do presidente. Se não tivermos preocupação, essa onda vai ter uma onda maior com crise econômica”, declarou.

Sobre o chamado “isolamento vertical” proposto pelo presidente, que atingiria apenas idosos e pessoas com doenças crônicas, o ministro informou que a ideia está em estudo pela equipe da pasta. Ele defendeu que é preciso ter uma coordenação e um debate conjunto entre Executivo e administrações estaduais acerca dessas medidas.

“O que nós da saúde queremos é fazer de uma maneira organizada. Para que a gente traga junto e façamos juntos uma proposta nacional. Quando o número estiver aqui, vai acontecer isso, quando tiver aqui, vai ocorrer aquilo. Quais são as atividades econômicas essenciais?”, disse.

Mandetta deixou a entrevista coletiva após a apresentação inicial. Perguntado se haveria alguma mudança na orientação do Ministério da Saúde após o pronunciamento, o secretário executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis, afirmou que ela continua, por enquanto, conforme vem sendo apresentada.

“A pasta não vai fazer nenhuma mudança na sua sistemática. A pasta está estudando todas as possibilidades. Pacientes sintomáticos devem permanecer em isolamento com familiares, assim como idosos mais de 60 anos. Quando for necessária a saída, ok. A circulação deve ser a menor possível no sentido de não haver aglomerações”, disse.

Mandetta também falou sobre um alinhamento em relação aos procedimentos e locais onde deve ser implantada a quarentena.

“Temos que melhorar esse negócio de quarentena, não ficou bom”, disse Mandetta, durante a divulgação do número de 57 mortos e 2.433 casos confirmados da covid-19 no Brasil.

Segundo o ministro, algumas situações e características podem justificar medidas mais extremas, mas não é algo para ser adotado em todos os casos. Mandetta ainda citou o caso do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. “Estou muito preocupado com esses Estados em função do número de idosos”, disse o ministro.

Recursos

Gabbardo lembrou que o novo coronavírus é um problema “nem tanto pelo número de óbitos, mas pelo ataque ao sistema de saúde”. Neste sentido, a equipe do ministério anunciou o repasse de R$ 600 milhões a estados e municípios. O direcionamento será definido a depender da situação de cada unidade da federação, pois em algumas delas a rede hospitalar é gerida pelo Estado e em outras, por prefeituras. O valor a ser recebido por cada cidade ficará entre R$ 2 e R$ 5 por habitante.

Os representantes do Ministério da Saúde trataram também de uma das grandes preocupações do profissionais de saúde: a disponibilidade de máscaras. Foram adquiridos 40 milhões de máscaras. Desse total, 2 milhões já foram remetidos aos estados e 8 milhões estão a caminho. Os estados do Norte e Nordeste estão tendo mais dificuldade pela baixa disponibilidade de voos.

Além disso, 540 respiradores (itens importantes para a montagem de leitos hospitalares) foram comprados, sendo 200 já entregues para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Hidroxicloroquina

Os gestores também anunciaram que passarão a adotar hidroxicloroquina em pacientes internados em razão da covid-19. O remédio é utilizado normalmente para tratamento de malária e foi cercado de expectativa e rumores no tocante ao novo coronavírus. O secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos, Denizar Vianna, destacou que a substância pode ser usada apenas em unidades de saúde.

“Não usem medicamento fora do ambiente hospitalar. Não é seguro. Durante o medicamento pode ter alteração do ritmo do coração. E isso tem que ter acompanhamento hospitalar”, enfatizou.

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