Justiça

"Há lealdades maiores do que as pessoais", diz Sergio Moro

Ex-ministro prestou depoimento à Polícia Federal a respeito das acusações que fez contra Jair Bolsonaro
Publicado: 03/05/2020 às 13:54 | Atualizada: 12/11/2020 às 14:45
Correio do Povo

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro postou na manhã deste domingo, no Twitter, que "há lealdades maiores do que as pessoais". No sábado, Moro prestou depoimento à Polícia Federal (PF) a respeito das acusações que fez contra o presidente Jair Bolsonaro no dia 24 de abril, durante pronunciamento em que anunciou sua demissão.

O depoimento do ex-ministro durou oito horas e Moro foi ouvido por delegados da PF e representantes da PGR (Procuradoria-Geral da República), em Curitiba. O ex-juiz da Lava Jato apresentou conversas, áudios e e-mails trocados com o presidente durante o período que ocupou o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Durante o depoimento de Moro, grupos de manifestantes pró-governo chamavam o ex-ministro de "rato" e "Judas", xingamento utilizado por Bolsonaro nas redes sociais antes da oitiva. "Com tantos crimes maiores, porque ele quis se voltar contra o presidente e sua família?", gritavam do carro de som.

Um grupo de apoiadores de Moro também esteve no local, com faixas de suporte ao ex-juiz e a Operação Lava Jato. Durante a noite, um entregador de delivery levou pizzas para a equipe que acompanhava a oitiva - naquela hora, o depoimento de Moro já durava mais de sete horas. Foram feitas duas pausas durante o dia.

Moro acusou Bolsonaro de trocar o comando da PF para obter informações e relatórios sigilosos de investigações ao anunciar demissão, na semana passada. O Planalto se preocupa com o andamento de inquéritos que apuram esquemas de divulgação de 'fake news' e financiamento de atos antidemocráticos realizados em abril, em Brasília.

"O presidente me disse que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse colher informações, relatórios de inteligência, seja diretor, superintendente, e realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. As investigações têm de ser preservadas. Imagina se na Lava Jato, um ministro ou então a presidente Dilma ou o ex-presidente (Lula) ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações", disse Moro, ao comentar as pressões de Bolsonaro para a troca no comando da PF.

A troca de comando na PF foi barrada por liminar do ministro Alexandre de Moraes, que viu indícios de desvio de poder na nomeação de Alexandre Ramagem, diretor da Abin, para a chefia da PF. Ramagem é próximo de Bolsonaro e amigo dos filhos do presidente. A indicação foi anulada pelo Planalto e o presidente ainda estuda recursos contra a decisão judicial.

Moro prestou depoimento e acredita-se que tenha apresentado provas que sustentem suas acusações contra o presidente. À revista Veja, o ex-ministro afirmou que apresentaria provas "em momento oportuno" – isso incluiu áudios e inúmeras trocas de mensagens pessoais e de governo trocadas com o presidente pelo WhatsApp, aplicativo favorito de Bolsonaro para delegar ordens a subordinados.

O ex-juiz da Lava Jato prestou depoimento acompanhado de advogado e não falou com a imprensa ao chegar e deixar a sede da PF em Curitiba. O inquérito aberto a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, mira tanto o presidente quanto Moro. O ex-ministro é investigado por suposta denunciação caluniosa e crime contra a honra. A PGR foi representada pelos procuradores João Paulo Lordelo Guimarães Tavares, Antonio Morimoto e Hebert Reis Mesquita. Este último integrou o grupo de trabalho da Lava Jato dentro da Procuradoria-Geral desde a gestão Raquel Dodge.

Ao autorizar na última segunda-feira, a abertura do inquérito, em uma decisão de 17 páginas, o ministro Celso de Mello observou que o presidente da República "também é súdito das leis", apesar de ocupar uma "posição hegemônica" na estrutura política brasileira, "ainda mais acentuada pela expressividade das elevadas funções de Estado que exerce".

Horas antes do depoimento de Moro, o presidente utilizou suas contas nas redes sociais chamou o ex-ministro de "Judas" ao divulgar vídeo em que uma pessoa não identificada diz ter ouvido vozes de outras pessoas que falariam com Adélio no momento do crime, mesmo com dois inquéritos da Polícia Federal, um deles já concluído, apontarem que o esfaqueador agiu sozinho.

Durante a manhã, ao deixar o Palácio do Alvorada, o presidente não quis falar com a imprensa, mas disse a apoiadores que não será alvo de nenhum "golpe" em seu governo."Ninguém vai fazer nada ao arrepio da Constituição. Ninguém vai querer dar o golpe para cima de mim, não", disse.

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