Maneiras para harmonizar os dados estatísticos de aferição da safra de trigo no Rio Grande do Sul foi o assunto principal a ser debatido na reunião da Câmara Setorial do Trigo, realizada nesta segunda (29/08), na Expointer, pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr).
Representantes das principais entidades que fornecem dados estatísticos sobre o agro – Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), IBGE e Emater/RS-Ascar – apresentaram suas metodologias para a medição de estimativa de safra.
O engenheiro agrônomo Marcio Renan Weber Schorr, da Conab, apresentou detalhes sobre uma nova metodologia que a Companhia deve iniciar este ano para a safra de trigo e que já realizou para a de soja. Os técnicos confeccionam “máscaras” de culturas de verão por sensoriamento remoto, a partir de imagens de satélites de várias safras para montar uma série histórica dos índices de vegetação nas lavouras de soja. “Sorteamos pontos amostrais, que são avaliados em campo, com identificação das lavouras amostradas, avaliação dos componentes do rendimento no campo e em laboratório” detalha Marcio. O resultado é um mapa do Rio Grande do Sul com as variações de rendimento da safra, por quilo por hectare.
De acordo com o superintendente da Conab no Rio Grande do Sul, Carlos Bestetti, essa metodologia é muito parecida com a utilizada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. “Nosso sucesso vai depender da ajuda e da parceria com as entidades, para aumentar o número de amostras. A participação do produtor é muito importante, e a maioria foi muito solícita no levantamento feito para a soja”, contou.
O gerente de Agricultura do IBGE, Alfredo Guedes, explicou que as nove pesquisas agropecuárias do Instituto utilizam métodos diferentes de coleta de dados, mas que as pesquisas municipais, de divulgação mensal, são subjetivas. “Os dados nos são passados por uma rede de informantes, composta por empresas de extensão rural, técnicos de pesquisa agropecuária, associação de produtores, cooperativas, assistência técnica, instituições fiscalizadoras de sanidade animal e vegetal, em reuniões municipais e regionais chamadas Reagro”, enumerou. Ainda conforme Guedes, há um acordo com a Conab para comparar esses dados antes da divulgação.
O extensionista Carlos Gabriel Nunes dos Santos contou que a metodologia da Emater/RS-Ascar é semelhante: a estimativa de safra é montada a partir de levantamento local do técnico no município, junto a conselhos de agricultura e prefeituras. “O cálculo estatístico é feito a partir de 10 anos de resultado de safra”, detalhou.
Os participantes da Câmara Setorial sugeriram buscar mais dados que possam basear as informações coletadas nos municípios, como as notas fiscais emitidas pela Secretaria da Fazenda. “Acho importante que a Câmara possa encaminhar uma solicitação de alerta à Famurs para que os municípios sejam mais colaborativos, para que aumente a acurácia do levantamento do IBGE”, aconselhou o chefe da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski.
O coordenador da Câmara Setorial do Trigo, Tarcisio Minetto, encerrou a reunião dizendo que este é apenas o primeiro contato com as entidades que produzem os dados estatísticos, por uma demanda recorrente dos participantes da Câmara. “Vimos hoje que as entidades estão buscando convergência, para diminuir as discrepâncias de estimativas que existem, e podemos ajuda-los nisso”, concluiu.
Participaram representantes das seguintes entidades: Conab, IBGE, Fecoagro, Emater/RS-Ascar, Sistema Ocergs/Sescoop, Banrisul, Fetag, Sinditrigo, Associação de Cerealistas (Acergs), UFSC, Embrapa, moinhos e corretoras.
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