A Justiça condenou por latrocínio (roubo com morte) o casal denunciado pela morte do taxista camaquense Werno Peglow. O homem de 66 anos foi encontrado morto carbonizado dentro do próprio carro, em junho do ano passado, na localidade de Banhado do Colégio, interior do município.
Os réus foram sentenciados pelo juiz de Direito Daniel de Souza Fleury a 30 anos de reclusão em regime fechado pelo latrocínio. O magistrado assinou a sentença na última quinta-feira (15). Pelo dano qualificado ao causar o incêndio no veículo, o homem recebeu pena de 10 meses e 15 dias de detenção. Já a mulher foi condenada a mais nove meses e 10 dias de detenção.
A defesa pode recorrer da senteça condenatória. O promotor de Justiça Francisco Saldanha Lauenstein representou o Ministério Público (MP). Os acusados seguem recolhidos no sistema prisional e não poderão recorrer em liberdade. O homem tem 29 anos e a mulher, 28.
De acordo com a denúncia, a acusada acionou o serviço de Peglow por volta das 13 horas do dia 22 de junho, data do crime. O trajeto feito pela vítima junto dos criminosos iniciou no Posto SIM, na entrada norte da cidade, percorrendo vias da região central, como a Rua Olavo Moraes e a Avenida Sete de Setembro.
Cientes de que Peglow carregava uma grande quantia em dinheiro dentro do táxi, os criminosos renderam a vítima com uma faca quase chegando no local de destino. Ao reagir, o taxista acabou sendo esfaqueado pelo acusado. Na sequência, ele incendiou o casaco que Peglow vestia. As chamas se espalharam e também consumiram o automóvel Sedan HB20 branco. Depois, a dupla fugiu a pé do local com R$ 3 mil em espécie e um celular.
“O objetivo deles ao queimar o automóvel e o corpo era assegurar a ocultação e a impunidade do crime de latrocínio”, explicou o promotor do caso.
A perícia não conseguiu concluir quantas facadas foram desferidas contra a vítima devido às condições do cadáver. O táxi foi encontrado carbonizado por volta das 15h30 daquele dia. A morte teria acontecido às 14 horas. Parte da ossada de Werno foi localizada dentro do veículo. Um exame de DNA confirmou a identidade do homem um mês depois do crime. Já o sepultamento aconteceu mais de 70 dias após a morte, em 7 de setembro, na localidade de Santa Auta.
Peglow mantinha ponto de táxi há décadas na esquina das ruas Presidente Vargas e Zeca Netto, no centro da cidade. Ele deixou esposa, três filhos, enteados, genros, nora, netos, irmãos, sobrinhos, demais parentes e amigos.
Informações preliminares divulgadas pela Polícia Civil (PC), em coletiva de imprensa realizada no dia 15 de agosto do ano passado, apontavam que o taxista tinha sido assassinado em uma emboscada por suposta queima de arquivo. Na ocasião, um casal foi preso por suspeita de autoria do crime.
O homem confessou o homicídio. Ele já tinha sido condenado a 14 anos, um mês e 10 dias de prisão por roubo e usava tornozeleira eletrônica na época do crime. Dias depois, o acusado rompeu o equipamento para dificultar a sua localização. Com a quebra do sigilo da tornozeleira, foi possível constatar que o trecho percorrido por ele e horários batiam com as informações do crime.
Uma mulher de 31 anos chegou a ser detida temporariamente e também assumiu o envolvimento na morte do taxista. Porém, através da prisão temporária de uma mulher de 28 anos em 25 de agosto, a investigação concluiu que Peglow foi vítima de latrocínio. A acusada foi presa em Porto Alegre e seria a atual companheira do homem preso.
Ela confessou, em depoimento, que a intenção da dupla era apenas assaltar o taxista. Entretanto, o companheiro acabou esfaqueando a vítima. Para se livrar do corpo, eles atearam fogo no corpo. Os acusados não teriam carregado gasolina para incendiar o táxi como foi dito pela polícia na coletiva de imprensa à época. Com isso, a polícia descartou a hipótese de uma terceira pessoa envolvida no caso como suposta mandante do assassinato, assim como a participação da primeira suspeita que havia sido presa.
A investigação do caso foi comandada pela delegada Vivian Sander Duarte. Três mandados de busca e apreensão foram cumpridos durante a Operação Emboscada, deflagrada em 15 de agosto de 2022 nos bairros Loteamento das Flores, São Luiz e Getúlio Vargas, no intuito de elucidar o crime.
Embora a primeira mulher tenha confessado o envolvimento na morte, a polícia encontrou inconsistências no depoimento dela e continuou investigando o crime. As diligências realizadas demonstraram que ela possuía um álibi, confirmando que, na data da morte de Werno, a até então suspeita estava trabalhando. Em razão desses novos elementos, foi solicitada à Justiça a revogação da prisão temporária da suspeita e representada a prisão temporária da nova investigada. Segundo informações apuradas pela reportagem do Blog do Juares (BJ News), a verdadeira autora do crime trabalhava nas imediações do ponto de táxi de Peglow.
"Ela não chegou a confessar, mas se colocou no local do crime", disse Lauenstein.
Os réus foram denunciados por latrocínio e incêndio criminoso em 9 de setembro de 2022 e julgados por um juiz singular. O latrocínio não é levado ao Tribunal do Júri por ser considerado crime contra o patrimônio pelo Código Penal Brasileiro, embora tenha como resultado a morte da vítima muitas vezes. O júri é competente para julgar crimes dolosos contra a vida. Para a Justiça, a intenção principal do agente no ato do latrocínio não era matar, mas, sim, roubar, e a morte foi o meio que ele utilizou para consumar o delito.
*Atualizada às 12h18 para acréscimo e correção de informações
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