Economia

Maiores empresas do RS dobram lucros em 2018

As 15 companhias de capital aberto com maior faturamento no Estado passaram por ajustes internos em meio a uma melhora tímida da atividade econômica

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08/04/2019 - 10h03min GaúchaZH / Foto: André Avila Corrigir

A melhora tímida da economia e os resultados dos ajustes internos forçados pela criselevaram as principais empresas gaúchas a lucrar mais em 2018. As 15 companhias de capital aberto do Estado com maior faturamento tiveram no ano passado resultado positivo somado de R$ 5 bilhões, 92% acima do valor observado em 2017 e o melhor desempenho desde 2014, quando o país começava a mergulhar na recessão. 

Do grupo das empresas avaliadas, seis aumentaram o resultado líquido e quatro reverteram números vermelhos em 2017 para azuis em 2018. O avanço do ano passado foi puxado essencialmente por Banrisul, Gerdau e Renner, que tiveram lucros acima de R$ 1 bilhão. O grupo siderúrgico, aliás, vinha de três anos consecutivos de prejuízo. Em 2015, amargou perda pesada de R$ 4,6 bilhões.

Da lista de companhias do Estado, os únicos dois prejuízos vieram do Grupo CEEE e da Taurus Armas. A estatal de energia teve resultado negativo de R$ 815,9 milhões ano passado, influenciado pelo braço de distribuição, que teve rombo de R$ 989,3 bilhões, enquanto a de geração e transmissão de energia conseguiu ganhar R$ 173,39 milhões. A fabricante de armamento teve prejuízo, mas foi o menor dos últimos cinco exercícios. 

Mais enxuta e eficiente 

Fabricante de semirreboques e autopeças para veículos pesados, a Randon, de Caxias do Sul, passou por dois anos de perdas – em 2015 e 2016. Em 2017, voltou ao lucro. No ano passado, o ganho foi três vezes acima do exercício anterior. O segmento bombava antes da crise devido à facilidade de crédito para comprar caminhões e implementos rodoviários, mas, quando veio a recessão, a freada foi brusca. O mercado da empresa da Serra caiu dois terços.

– Tínhamos fábricas em Caxias, Chapecó, São Paulo e Argentina, mas vazias – lembra o diretor-presidente da empresa, Davi Randon, referindo-se à queda da demanda.

O primeiro passo para se adaptar à nova realidade foi parar os investimentos. Depois, buscar crédito para reforçar o caixa. Em seguida, um processo de racionalização nas unidades, com concentração de atividades afins, redução de gastos com matérias-primas, busca por tecnologia para diminuir custos dos produtos, flexibilização da jornada e, em seguida, demissões. Com o mercado interno parado, buscar mais exportação foi uma das saídas.

Disciplina na execução

Ao contrário das empresas de outros segmentos, a Dimed, dona da rede de farmácias Panvel, avalia que 2018 foi o ano mais desafiador deste período. O diretor-executivo de operações do grupo, Roberto Coimbra, observa que foi o exercício em que as drogarias observaram o menor crescimento do ritmo de vendas. 

Não houve queda, mas o avanço foi mais lento. A saída para aumentar o lucro foi azeitar o negócio. A companhia teve ganho de R$ 74,9 milhões, 25% acima de 2017, e conseguiu se manter sempre no azul durante a crise.

– Tivemos de fazer algumas mudanças para manter o equilíbrio e as margens. Foi uma disciplina de execução. Fomos mais seletivos na abertura de lojas e buscamos maior produtividade, com o engajamento das equipes – explica Coimbra.

O diretor-executivo aponta que os consumidores foram em busca de produtos mais baratos, tanto medicamentos quanto itens de higiene e beleza.

Série de  ajustes 

Outro exemplo de empresa que virou o jogo foi a Kepler Weber, fabricante de silos armazenadores de grãos. O superintendente comercial da companhia, João Tadeu Vino, conta que, em 2014, a empresa faturou, bruto, mais de R$ 1 bilhão e, dois anos depois, viu a receita cair pela metade. Mesmo capitalizados, os produtores seguraram o dinheiro no período de maior turbulência econômica e política. O crédito secou e o juro ficou mais caro. A empresa foi pega no contrapé.

– Em 2014, foi o auge e fizemos investimentos para aumentar a produção. Mas as vendas começaram a cair. Com a chegada dos anos piores, tivemos de começar um trabalho interno para retomar a rentabilidade, sabendo que o mercado não seria o mesmo. Buscamos aumentar produtividade, melhorar a engenharia e tivemos de reduzir pessoas. Foram várias ações – conta Vino, lembrando que indústrias, tradings e cerealistas que trabalham com grãos também colocaram um pé no freio nos pedidos.

Com demanda melhor em 2018 e os ajustes internos, a empresa conseguiu sair de dois anos seguidos de prejuízo e lucrar R$ 8,3 milhões.

Só ganhos crescentes

Empresa gaúcha com o maior valor de mercado, a Lojas Renner é um caso à parte. Apresentou lucros crescentes nos últimos anos, até chegar a um resultado líquido acima de R$ 1 bilhão. A explicação está em uma série de medidas para elevar a competitividade, tomadas antes da recessão.

– Quando a crise chegou, estávamos preparados com nossa estrutura de custos, a operação estava mais ágil e eficiente e, o produto, melhor – diz o diretor administrativo, financeiro e de relações com investidores da Lojas Renner, Laurence Gomes.

As iniciativas incluíram remodelação de lojas para melhorar a experiência de compra, garantir mais qualidade dos produtos junto aos fornecedores e maior agilidade na entrega. Ao mesmo tempo, foi contratada consultoria para revisar processos que ajudou a diminuir custos. O resultado: enquanto o consumo se retraía no país, a Renner ampliava lucros e margens e ganhava participação de mercado. Em cinco anos, a varejista passou de 16,4 mil para 21,4 mil funcionários.

Fim da tempestade perfeita

A Celulose Irani voltou a ter lucro no ano passado. Foram R$ 3 milhões, depois de dois exercícios seguidos de prejuízo, período em que viveu a tempestade perfeita, afirma o CEO da empresa, Sergio Ribas. Dois terços da receita da companhia vêm da venda de papelão ondulado, utilizado na embalagem de produtos, negócio diretamente ligado ao nível de consumo, que teve forte queda durante a recessão econômica.

Ao mesmo tempo, a maior parte da matéria-prima da empresa são aparas, oriundas de papel reciclado. Com a crise e o ânimo menor da população de ir às compras, o insumo escasseou e ficou mais caro, impactando os custos.

– Mas, 2018 foi melhor. O motor da recuperação foi um mercado com demanda mais forte. Ao mesmo tempo, conseguimos capturar nos resultados os efeitos dos ajustes que fizemos na recessão, com estrutura de custo mais racionalizada – diz Ribas.

Mas ressalta que o mercado ainda está longe dos patamares anteriores à crise.

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