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Centrais sindicais preveem atos em 150 municípios do RS em greve marcada para sexta-feira

Contra a reforma da Previdência, líderes de movimentos projetam que serviços de transporte público serão afetados em Porto Alegre e região. Autoridades preparam esquema de segurança

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13/06/2019 - 15h52min Corrigir

Líderes de centrais sindicais e movimentos sociais informaram, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (12), que estão previstos atos em 150 municípios do Rio Grande do Sul na próxima sexta-feira (14). Os sindicalistas prometem greve geral no Estado contra a proposta de reforma da Previdência, com a paralisação de serviços de transporte, atos públicos e acampamentos às margens de rodovias. 

— Todas as centrais, movimentos rurais e urbanos e o movimento estudantil são contrários a essa reforma, que vai destruir as aposentadorias. Estamos unidos e temos o apoio de metalúrgicos, petroleiros, servidores municipais, estaduais e federais. O país vai parar — disse Érico Corrêa, dirigente da CSP-Conlutas.

Conforme Guiomar Vidor, presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil no Rio Grande do Sul (CTB-RS), os trens da Trensurb não irão circular. A medida é confirmada pelo Sindimetrô-RS, mas, em nota, a empresa diz que fará "esforços para minimizar os transtornos aos usuários do metrô e garantir o direito de ir e vir da população", usando de "medidas judiciais previstas em lei". A Trensurb também ingressou na Justiça com "pedido de abusividade" da greve.

Quanto aos ônibus da Capital, Vidor disse que a paralisação ainda está em negociação com o Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de Porto Alegre (Stetpoa) e que, nas últimas semanas, houve panfletagem junto a motoristas e cobradores em busca de apoio. Oficialmente, contudo, a entidade informa que não trancará as garagens das empresas (mais detalhes abaixo).

— O foco da greve é a inconformidade dos trabalhadores com a reforma, que vai acabar com as aposentadorias. Os rodoviários enfrentam dificuldades para aderir ao movimento, mas têm motivos de sobra para apoiar a mobilização. Esperamos contar com eles na sexta-feira — ressaltou Vidor.

Na Região Metropolitana, segundo Éder Pereira da Silva, da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB-RS), a expectativa é de que ônibus de empresas como Sogil, Soul, Vicasa e Viamão fiquem nas garagens. A previsão, como no caso do Stetpoa, não é confirmada pelo Sindicato Metropolitano dos Rodoviários (Sindimetropolitano). Na tarde desta quinta-feira (13) a empresa Soul entrou em contato com GaúchaZH para reforçar que não prevê paralisação, ao contrário do que diz o representante da CGTB-RS, e que não apoia a greve. 

Na coletiva, os líderes sindicais disseram esperar grande mobilização, com a participação de movimentos urbanos e rurais. Presidente da Central Única dos Trabalhadores no Estado (CUT-RS), Claudir Nespolo destacou o suporte de integrantes da Via Campesina, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-Sul) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag). Conforme Nespolo, grupos irão acampar às margens de rodovias federais. Ele não antecipou onde serão os pontos e se haverá interrupção de estradas.

— A única coisa que podemos dizer é que a Avenida Mauá (em Porto Alegre) vai estar fechada — disse Nespolo.

Entre os 150 municípios onde há atos programados, estão Caxias do Sul, Passo Fundo, Santa Maria, Santa Rosa, Pelotas, Santa Cruz do Sul, Lajeado, Ijuí, Rio Grande, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Uruguaiana, Viamão, Cachoeirinha e Gramado. Em Porto Alegre, o ponto de encontro será na Esquina Democrática, a partir das 17h.

— Sexta-feira é dia de as pessoas ficarem em casa e dos pais não mandarem os filhos para a escola — concluiu Cícero Pereira, da União Geral dos Trabalhadores (UGT) no Estado.

O que dizem as autoridades

Rodrigo Ziebell / SSP-RSVice-governador e secretário de Segurança Pública, Ranolfo Vieira Jr. (no centro, de gravata) recebeu líderes sindicaisRodrigo Ziebell / SSP-RS
 
Sobre possíveis protestos em rodovias, Cássio Garcez, do setor de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), informou, na tarde desta quarta-feira (12), que o assunto está sendo monitorado e que, em caso de interrupção, o órgão estará preparado para dialogar pela liberação. 

— Essa possibilidade vem sendo veiculada em grupos de WhatsApp, mas, até o momento, não temos nada de concreto. De qualquer forma, nossa missão é garantir a segurança e a fluidez das rodovias. Se for necessário, vamos negociar — afirmou Garcez. 

A assessoria de comunicação da Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto Alegre (EPTC) informou que, até as 15h desta quarta-feira (12), o órgão não havia recebido nenhum comunicado oficial sobre a greve. Por conta disso, preferiu não se pronunciar.

Já a cúpula da Segurança Pública do Estado recebeu os líderes sindicais no fim da manhã desta quarta-feira (12) para alinhar o esquema de segurança à mobilização no Estado. A reunião teve a participação do titular da pasta e vice-governador do Estado, Ranolfo Vieira Jr., da chefe da Polícia Civil no Estado, Nadine Anflor, e do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Mário Ikeda. Ranolfo destacou a busca pelo diálogo.

— Nada melhor do que podermos conversar, de forma que tudo transcorra em absoluta tranquilidade. Nossas polícias estão mobilizadas para dar o apoio necessário no acompanhamento dos atos, para que todos possam fazer a sua manifestação em segurança e sem violência, assim como para impedir quaisquer obstruções àqueles que decidirem seguir com suas rotinas normais de trabalho — afirmou Ranolfo.

Responsável pelo policiamento ostensivo no Rio Grande do Sul, Ikeda ressaltou que a BM irá priorizar a proteção aos cidadãos, sejam eles contrários ou favoráveis à manifestação. 

— O encontro foi muito proveitoso. Houve a troca de telefones para estreitar relação e, havendo necessidade, sabemos a quem nos dirigir. Esclarecemos aos representantes dos sindicatos a nossa forma de atuação. Eles poderão se manifestar nas via públicas, mas sem causar o bloqueio deliberado do trânsito. Cabe a nós assegurar o direito de quem quer fazer greve, mas também garantir o direito de quem quer trabalhar e o direito de ir e ir. Vamos garantir a segurança dos manifestantes e tudo será negociado — relatou Ikeda.

As centrais também avaliaram a reunião como "positiva". 

— O governo mostrou-se aberto a acolher o direito dos trabalhadores à livre manifestação e pudemos abrir um canal de conversa, que deve ser a solução para possíveis conflitos no dia 14, evitando confrontos. O diálogo garantirá manifestação tranquila — ressaltou Guiomar Vidor, presidente da CTB-RS.

 Confira os possíveis impactos da greve

Robinson Estrásulas / Agencia RBSTrensurb transportou, em maio, 171,7 mil passageiros, em média, por dia útilRobinson Estrásulas / Agencia RBS

Transporte 

O Sindimetrô-RS, que representa os metroviários no Estado, aderiu à greve. Presidente do sindicato, Luis Henrique Chagas afirma que a categoria não trabalhará ao longo de toda a sexta-feira, o que paralisaria totalmente os trens da Trensurb, que opera entre a Capital e Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. Em maio, 171,7 mil passageiros foram transportados, em média, por dia útil. 

— Somos contrários à reforma da Previdência e à privatização da Trensurb. Não vai ter trem durante toda a sexta-feira — promete o presidente do Sindimetrô-RS, Luis Henrique Chagas. 

Em nota, a Trensurb declara que fará "esforços para minimizar os transtornos aos usuários do metrô e garantir o direito de ir e vir da população". "Utilizando-se de medidas judiciais previstas em lei, procedimentos administrativos e, ainda, com os recursos humanos disponíveis, a empresa buscará a manutenção da prestação do serviço", completa o texto. 

 Na Capital, o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário (Stetpoa), Sandro Abbade, diz que a entidade terá um carro de som para protesto no Centro, mas garante que as garagens das empresas não serão trancadas. Assim, em tese, a circulação dos ônibus não seria afetada. Apesar disso, Guiomar Vidor, presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil no Rio Grande do Sul (CTB-RS), diz que a paralisação ainda está "em negociação".

O Sindicato Metropolitano dos Rodoviários (Sindimetropolitano) tem posição semelhante à do Stetpoa. Diretor da entidade, Alex Dornelles considera importante questionar a reforma da Previdência, mas diz que os trabalhadores vinculados ao sindicato não devem aderir à greve. Segundo o diretor, o Sindimetropolitano representa profissionais em sete cidades — Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Gravataí, Glorinha, Nova Santa Rita e Viamão. 

— Quer fazer greve geral? Então, tudo deve ser parado. Nenhum avião poderia decolar no aeroporto, como acontece quando a Argentina tem greve, por exemplo — argumenta Dornelles. 

A Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) informa que a expectativa é de que ônibus de empresas como Sogil, Soul, Vicasa e Viamão fiquem nas garagens, assim como veículos de São Leopoldo e Novo Hamburgo. 

Bancos 

Em assembleia, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) aprovou apoio à mobilização. Presidente da entidade, Everton Gimenis defende a participação da categoria, mas pondera que ainda não é possível apontar qual será o nível de adesão dos profissionais ao movimento. 

— Somos contra a reforma da Previdência e defendemos a manutenção de bancos públicos. Agora, se todos vão parar ou não, vai depender da decisão de cada um — frisa Gimenis.

GaúchaZH entrou em contato com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para saber a posição da entidade sobre a possibilidade de paralisação. Em resposta, a assessoria informou que "a Febraban não comenta o assunto".

Educação 

O conselho geral do Cpers/Sindicato, que representa os professores da rede estadual, declarou apoio à paralisação. Em vídeo publicado nas redes sociais, a presidente da entidade, Helenir Aguiar Schürer pediu a participação da categoria para "enterrar" a reforma da Previdência. 

— Todas as escolas deverão estar fechadas e nós deveremos estar na rua mostrando os prejuízos que a reforma nos trará — comentou Helenir. 

A Associação de Docentes da UFRGS (ADUFRGS) também promete aderir à greve e participar do protesto no centro de Porto Alegre. Consultada por GaúchaZH, a assessoria de imprensa da universidade informou que o impacto em suas atividades "dependerá da adesão ou não dos professores e técnico-administrativos ao movimento". "Aos alunos, passamos a orientação de entrarem em contato com os professores para buscarem informações a respeito da confirmação, ou não, das aulas", completa o texto. 

A greve também recebe o apoio do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Estado (Sinpro-RS). A entidade representa educadores de cerca de 400 escolas e cem instituições de ensino superior gaúchas.  

Saúde 

A promessa de paralisação pode ter reflexos em diferentes serviços na área de saúde. Sindisaúde-RS, que representa técnicos e trabalhadores de nível médio, Sergs (enfermeiros), Sindifars (farmacêuticos) e Sinditest-RS (técnicos de segurança do trabalho) defendem a paralisação. As entidades representam cerca de 100 mil profissionais no Estado. 

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