Educação

Estudante gaúcha é finalista em premiação internacional com projeto para incentivar adoção tardia

Final do concurso, promovido por uma ONG global, ocorre de 28 de agosto a 1° de setembro em Viena, na Áustria

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17/06/2019 - 15h49min Corrigir

A estudante Marcella Cesa Bertoluci, de 18 anos, moradora de Porto Alegre, é uma das finalistas de uma competição internacional com um projeto que ela criou para incentivar a adoção tardia. A final do concurso, promovido pela Junior Achievement, uma ONG global de empreendedorismo jovem, ocorrerá de 28 de agosto a 1° de setembro em Viena, na Áustria.

Pessoas de mais de 30 países haviam se inscrito na competição. Durante a seleção, a Organização Não Governamenral (ONG) escolheu apenas 10 participantes para a etapa final. Destes, três foram escolhidos em uma votação online, que terminou no sábado (15).

"Aqui no Brasil, o resultado saiu a uma da manhã de domingo (16). Eu estava com a minha família, ficamos acordados de madrugada esperando terminar a votação. Foi muito aliviante. Essa competição durou um mês inteiro, eu estava ansiosa. Foi muito incrível, nem acreditei", conta Marcella.

A jovem foi a única brasileira selecionada durante as etapas. O primeiro colocado irá ganhar como prêmio a produção de um vídeo profissional, onde poderá falar sobre o projeto, que será divulgado mundialmente. As duas pessoas que estão disputando a final com Marcella são da Argentina e do Marrocos.

"Lá em Viena, vamos ter de subir no palco e fazer uma apresentação de 3 minutos, um pitch (breve apresentação sobre um negócio, que dura de 30 segundos a 3 minutos) falando sobre o projeto e a nossa vida. Se eu ganhar, vai ser muito legal poder fazer um vídeo internacional porque vai dar ainda mais visibilidade para a adoção tardia", explica a jovem.

Chamado de Missão Diversão, a iniciativa criada por Marcella tem como objetivo realizar eventos que promovam o encontro de casais habilitados à adoção com crianças e jovens que aguardam a oportunidade de terem uma família.

A estudante brasileira e os outros dois selecionados vão ter todos os custos de estadia, alimentação e passagens pagos pela ONG para viajarem para Viena.

"Fiquei muito feliz em ver o engajamento de pessoas que eu nem conhecia votando para que eu fosse para a final. Os casais que adotaram por meio do projeto também estavam compartilhado muito o link da votação, torcendo por mim", conta Marcella.

Como nasceu o projeto

Aos 16 anos, quando Marcella estava no 2º ano do Ensino Médio no Colégio Farroupilha, a empresa Smile Flame, voltada para projetos sociais, foi até a escola e convidou os alunos a desenvolverem iniciativas que gerassem impacto de forma inovadora e positiva na sociedade. A adolescente se interessou pela proposta e, ao lembrar do trabalho voluntário que havia desenvolvido em lares e abrigos, teve a ideia de criar o projeto da adoção tardia.

“Participei do grupo de voluntariado do colégio, no qual tive contato com realidades distintas, incluindo crianças destituídas de suas famílias, e fui sensibilizada pela situação delas. Aí pensei neste projeto juntamente com outros colegas”, conta Marcella.

Não era obrigatório colocar os projetos em prática, mas a jovem fez questão. Para isso, ela entrou em contato com o Ministério Público e com o juiz Marcelo Mairon Rodrigues, que na época atuava na 2ª Vara da Infância e Juventude de Porto Alegre. Ela descobriu então que o Judiciário também tinha o interesse em dar visibilidade para o tema.

"A ideia da Marcella veio ao encontro do que o Judiciário planejava. Foi um período que o próprio Tribunal vinha desenvolvendo uma campanha no sentido de dar maior visibilidade para essas crianças e adolescentes, que muitas vezes por já terem mais de 10 anos, as vezes por serem um grupo numeroso de irmãos, nós tínhamos dificuldade de encontrar pessoas habilitadas para o perfil dessas crianças e adolescentes", diz o juiz em um vídeo gravado pelo Colégio Farroupilha.

“Eles acabaram abraçando a ideia. Os eventos só ocorrem por causa do juizado, que fazem os trâmites legais. Eu cuido da parte de inovação. Não é qualquer pessoa que pode participar desses eventos, são só para casais habilitados para adoção, que passaram por um acompanhamento", acrescenta Marcella.

Como o objetivo do projeto é abordar a adoção tardia, as crianças e adolescentes que participam das ações têm idades entre 8 e 17 anos.

Todas as ações acontecem no Colégio Farroupilha. O objetivo é que os eventos sejam dias divertidos para as crianças, que elas possam sair da rotina e brincar.

"A Marcella foi a protagonista desse projeto, ela buscou o Ministério Público e o ajuizado e nós cedemos o espaço e organização desses eventos. O importante é que as crianças soubessem que teriam uma tarde divertida, para não criar uma expectativa e depois ela não ser atingida. Sempre se teve esse cuidado em pensar nas brincadeiras, para que a tarde fosse diferente da tarde que elas passam", conta a diretora pedagógica do Colégio Farroupilha, Marícia Ferri.

Processos de adoção

O casal Douglas Guimarães e Glademir Bastians sempre teve vontade de ter um filho. Em julho de 2016, eles entraram com o pedido de habilitação para adotar junto ao fórum. Em março de 2017, a habilitação foi concluída e, a partir daquele momento, o casal entrou em uma fila de espera.

Por meio do projeto Missão Divertida, eles adotaram os irmãos Douglas e Thaila, que tinham na época 9 e 8 anos.

"Naquele segundo, veio a confirmação que faltava em nosso coração que aqueles pequenos seriam nossos. A missão seguiu cheia de emoção até o final", conta Douglas.

A administradora Clarice Janine Londero, e o marido, Fernando Arndt, também têm um carinho especial pelo projeto. Eles estavam há mais de dois anos na fila de adoção quando o juizado os convidou, juntamente com outros casais, para participar do projeto de Marcella.

O evento ocorreu em março de 2018. Dois meses depois, Clarice e Fernando estavam com a guarda provisória das irmãs Karoline e Kauana, que tinham 10 e 7 anos na época.

"Muito gratificante poder rever essa ideia de que as crianças precisam ser pequenas. Isso não é uma verdade única. Para algumas pessoas, isso é uma verdade e tem que respeitar. Mas é possível abrir esse leque", conta Clarice.

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