Cultura

Aldeia indígena de Camaquã em abandono; conheça uma cultura em resistência

A aldeia indígena localizada no Sítio Água Grande, interior de Camaquã, mostra a realidade de um povo bem debaixo de nosso nariz

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19/06/2019 - 15h57min Blog do Juares Corrigir

500 anos de resistência marcam a cultura indígena. Onde, a conquista da América serviu de palanque para, talvez, o maior genocídio da humanidade, quando cerca de 70 milhões de pessoas foram exterminadas. Segundo estudiosos do tema, pouco se sabe sobre os 500 anos de luta do povo indígena no Brasil.

A equipe de reportagem do portal de notícias Blog do Juares foi acompanhar de perto, o dia a dia em uma aldeia de um grupo Mbyá-Guarani, localizada no Sítio Água Grande, em Camaquã. A mesma etnia da aldeia Yvy’ã Poty, que fica na localidade de Bonito, interior de Camaquã.

Existem duas formas de chegar até a aldeia: a primeira é por uma trilha de aproximadamente 20 minutos no interior da Cascata Barbosa Lessa, a outra é acessando uma estrada alguns Km antes da cascata. É necessário que o guia esteja presente no local, pois a área é protegida. Você deve caminhar até a ponte que dá acesso para a aldeia.

(Ponte de acesso até a aldeia. Foto: Daniel Larusso)

(Familía indigena em frente a uma casa de ritual. Foto: Daniel Larusso)

O cacique, Eduardo, estava fora da aldeia, mas prontamente a esposa e filhos de Eduardo nos receberam. Estavam receosos inicialmente, a comunicação da equipe com o grupo enfrentava dificuldades, visto que, o idioma deles é baseado no tupi-guarani. A língua portuguesa não é algo falado constantemente.

Restou apenas uma família na Aldeia Água Grande, segundo o guia de turismo do local, Luciano Rödel Moraes, as famílias foram migrando para outros distritos e aldeias pelo isolamento do local, como por exemplo, da escola.Conforme Moraes, cerca de 15 famílias viviam no local em 2017. Hoje, o local está “esquecido”, declara.

A rotina da aldeia envolve cultivo da terra, como por exemplo, Erva-mate e banana, produção de artesanato, e atividades de cuidado com o local. As refeições não são como estamos habituados. Quando aparecer a fome, come o que for possível: o que deu para plantar, coletar ou caçar. Não há fartura e nem variedade.

Em um corredor na mata, você observa diversas casas, algumas no lado esquerdo, outras no lado direito. Com a migração da maioria da comunidade, grande parte dos abrigos estão vazios.

(Foto: Daniel Larusso)

Um olhar de resistência

Isabel carrega grande responsabilidade na aldeia: produzir, resistir aos desafios da cidade e preservar sua cultura.É uma mãe que na maior parte do tempo está acompanhada dos filhos. Orienta os filhos, compartilha conhecimento, mas faz com que eles convivam com a experiência. Afinal, para ela, isso é essencial.

Não é comunicativa. Entretanto, basta um olhar para entender o que ela pretende mostrar.

Onde o coletivo é mais importante que o individual

A coletividade  é um dos pontos que mais destaca-se na comunidade, principalmente entre as crianças. Estar em grupo, dividir alimentos, brinquedos e tarefas é rotina na aldeia. O que um adquire, é compartilhado com todos.

Os irmãos Benjamim, Bianca (Aray em tupi-guarani), Ana Paula e Talita estão na maior parte do tempo juntos, seja tanto nas tarefas como nas brincadeiras. Aray por exemplo, é a mais comunicativa do grupo. Segundo ela, gosta de artesanato, principalmente em produzir cestas.

(Menino brincando. Foto: Édio Wenzke)

O artesanato

(Foto: Daniel Larusso)

Os Guarani  esculpem madeiras, representando animais da Mata Atlântica. Alguns fazem para terem em casa, mas a maioria faz para comercialização. Todos os tipos que se vê na mata é uma tarefa preferencialmente dos homens. Ele busca a madeira, corta e faz a escultura. A mulher, no caso, só entraria para vender.

Para fazer as miniaturas, primeiro se marca o formato do animal. Corta precisamente o tamanho primeiro com o facão e determina se o objeto será deitado, de pé ou sentado e, depois disso, pega a faca e vai esculpindo até que o objeto tome a forma. Além disso, eles produzem colares que servem de proteção, segundo a crença deles.

Os colares são feitos de vários tipos de semente, tanto de árvores e cipós quanto de plantas mais rasteirinhas, vários tipos. Instrumentos musicais como chocalhos (Mbaraka) e pau-de-chuva (instrumento de percussão que imita a chuva) fazem parte do artesanato indígena. Para o guarani, o Mbaraka é um instrumento sagrado.

(Foto: Daniel Larusso)

Você pode adquirir o artesanato na própria aldeia ou quando os indígenas estão no centro de Camaquã durante a semana. Os preços são bem acessíveis e ajudam significativamente as famílias. De acordo com Moraes, o local recebe poucas visitas, exceto no Dia do Índio e em algumas semanas no final do ano.

Com informações de Artesanato Indígena

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