Economia

Venda de ações do Banrisul tensiona governo do Estado

Preço dos papeis abaixo do esperado e risco de desdobramentos judiciais colocam operação em xeque

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18/09/2019 - 18h06min Corrigir

É tensa a situação no núcleo do governo em função do processo que envolve a operação de venda de ações do Banrisul. O Executivo gaúcho, controlador do banco, e que não se manifesta publicamente sobre o assunto, foi obrigado a alterar o cronograma da venda após o valor mínimo ofertado por ação ficar, na terça-feira, bem abaixo do esperado pelo governo. Nesta quarta, o ambiente é marcado pela expectativa sobre se o governo vai ou não levar a cabo a operação. A possibilidade concreta de prejuízo, que vem sendo anunciada há meses por operadores do mercado financeiro, faz pesar ainda sobre o Executivo a possibilidade de desdobramentos sérios, entre eles novos questionamentos judiciais, como, por exemplo, uma ação por improbidade administrativa, e o acionamento de órgãos de controle.

“Se for vendido abaixo ou inclusive próximo do valor patrimonial, vou ingressar com uma nova ação, de reparação de danos, e aí vou recorrer da atual ação também. Não é possível que esta venda seja efetuada sem que se cumpra a legislação estadual, isso é uma vergonha para todos”, assinalou, nesta quarta-feira, o administrador e acionista do banco, Mateus Bandeira. Ele presidiu o Banrisul durante a administração da ex-governadora Yeda Crusius, também do PSDB, e é favorável à privatização do banco, mas diverge do modelo de venda de ações adotado pelo governo Eduardo Leite (PSDB) por entender que gerará “milhões em prejuízo” ao Estado.

Em julho, após o controlador anunciar sua intenção de vender ações até o limite da manutenção do controle acionário, como agora está em curso, Bandeira ingressou com uma ação para suspender a venda e chegou a obter uma liminar, mas ela acabou derrubada. A ação segue em tramitação. Na tarde desta quarta-feira, deputados do MDB, do PT, do Novo, do PDT, do PSL e do PSB confirmaram sua participação em um manifesto contra a venda das ações, marcado para o início da tarde de quinta, na Assembleia Legislativa. “Vamos nos posicionar pela não venda. E, a depender do valor de venda, poderemos sim ingressar com ação de improbidade”, adiantou o deputado Sebastião Melo (MDB), um dos principais articuladores do movimento.

Sinal Vermelho 

O sinal vermelho para o governo acendeu ainda na tarde de terça-feira, data inicialmente marcada para a finalização do chamado bookbuilding (o procedimento no qual cada investidor indica quantas ações deseja adquirir e qual o preço está disposto a pagar e o coordenador da venda tabula as informações, de forma a fechar o valor e os percentuais que ficarão com cada um) e para a fixação do preço por ação.

A procura ficou abaixo do esperado, a maioria das ofertas recebidas precificava o papel em R$ 18,50 e os bancos coordenadores da operação indicavam que esse seria o preço de fechamento, o que significava um desconto de cerca de 20% sobre o preço de tela. A configuração abria margem para os questionamentos judiciais sobre uma venda por preço inferior ao chamado valor patrimonial da ação. Porque, se considerado o valor apontado no balanço do segundo semestre, este valor seria de R$ 18,38, mas a prévia do mês de setembro indica um valor de R$ 18,90. No final do dia, o controlador ainda aguardava por ofertas de investidores internacionais que pudessem elevar o valor, o que não aconteceu. Como consequência, a precificação não saiu.

A estratégia foi elevar o preço mínimo para R$ 19,00. Só que, com a elevação, não havia reservas suficientes e a alternativa foi diminuir o total de ações em oferta. Na madrugada, o banco divulgou novo fato relevante, baixando para 71.350.686 o número de ações à venda (com possibilidade de mudanças) e alterando todo o cronograma da operação. O bookbuilding, a fixação do preço por ação, e a reunião do conselho aprovando o preço foram transferidos para esta quarta. O início das negociações das ações, para a sexta-feira, dia 20. E a data de liquidação para a segunda-feira, 23. A movimentação acabou por gerar mais desgaste político e outros problemas, como a desconfiança dos investidores e a possibilidade concreta de que a operação não aconteça.

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