A Polícia Civil prendeu preventivamente, na tarde desta terça-feira (19), o ex-marido de Ereni dos Santos, 42 anos, morta a tiros após audiência sobre divórcio na semana passada, em Caxias do Sul, na Serra gaúcha. Segundo a delegada Carla Zanetti, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), ele se apresentou à delegacia com o advogado, prestou depoimento e admitiu o crime.
O G1 entrou em contato com o advogado do suspeito e aguarda o seu posicionamento oficial. Ele deve responder por feminicídio consumado.
O homem de 62 anos alegou estar transtornado desde a separação do casal. No dia do crime, ele se encontrou com a esposa às 9h, em uma audiência de conciliação na Vara de Família para tratar sobre a divisão de bens do divórcio. Horas depois, disse que a viu enquanto se deslocava de carro.
"Ele disse que estava fora de si", resumiu a delegada.
A polícia apreendeu um revólver de calibre 38 em nome do suspeito. Aguarda, agora, o resultado do laudo de balística do Instituto Geral de Perícias (IGP) para confirmar se os cinco tiros foram disparados desta arma.
A delegada Carla espera concluir o inquérito em, no máximo, 10 dias e encaminhá-lo para o sistema judiciário.
O suspeito permanecerá preso preventivamente durante a investigação.
Relembre o caso
Ereni foi baleada dentro do próprio carro no dia 11 de novembro. Ela tinha uma medida protetiva contra o ex-marido desde abril de 2018, prorrogado em setembro deste ano.
O juiz Emerson Jardim Kaminski, da Vara da Violência Doméstica, informou à reportagem que “ela tinha passado por avaliação de risco diretamente com a nossa equipe multidisciplinar, afirmando que não temia o ex-marido, mas queria a prorrogação das medidas para garantia apenas, já que ele estava bem tranquilo e respeitando-a".
"Em 12 de setembro foi o último atendimento dela, que disse não querer a responsabilidade criminal do agressor porque não estava mais sendo ameaçada, optando por manter as medidas protetivas por mais seis meses, só por segurança”, acrescenta.
O casal esteve casado por 20 anos e tinha dois filhos, de 14 e de quatro anos, mas estava em processo de separação há cerca de um ano e meio.
Ereni era secretária de uma escola municipal de Caxias do Sul.