O homem acusado de simular um assalto e planejar a morte da esposa, Andressa Reinaldo Ellwanger Friedrich, em 2016, começou a ser julgado nesta terça-feira (3) em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Segundo a denúncia, André Ellwanger Friedrich não aceitava a possibilidade de separação, o que implicaria na divisão de bens com a mulher.
Conforme a denúncia do Ministério Público, André ofereceu pagamento para o seu então funcionário, Anderson José dos Santos, para realizar o falso assalto.
Anderson teria agido no momento da chegada do casal em casa, exigindo o carro e que Andressa o conduzisse. Mesmo obedecendo, a vítima foi baleada na cabeça. Ela tinha 25 anos.
Ainda conforme a denúncia, após a fuga de Anderson, André continuou com a simulação ao acompanhar vizinhos no socorro à mulher.
Os dois réus, que estão presos, respondem por homicídio qualificado – feminicídio, motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima.
Para o júri foram convocadas 14 testemunhas - cinco pela acusação, nove pelas defesas. A previsão é de que o julgamento dure até três dias.
Motivação patrimonial
Para a polícia, a motivação do crime foi patrimonial. O casal estava em crise. Em disputa, estavam a herança que André teria recebido e não queria repartir em caso de separação, o seguro de vida de Andressa no valor de R$ 160 mil e a guarda da filha, de 1 ano e 11 meses. A criança presenciou a morte da mãe.
Conforme os investigadores, desde o primeiro momento se observou uma série de elementos que não caracterizavam latrocínio.
Segundo a polícia, estes indícios são: a presença de único criminoso, o assaltante estava com o rosto coberto, o local onde ocorreu o crime não concentra roubos de veículos, e o comportamento do marido da vítima, que não demonstrou sentimento de tristeza após o enterro da esposa.
O fato do carro ter sido recuperado a poucos quilômetros de onde foi levado e com os pertences da vítima, como bolsa e celular, também chamou a atenção da polícia.
Quando o marido da vítima foi preso, a polícia informou que ele confessou a participação na morte da esposa. Na época, o advogado do homem ingressou com um pedido para que um novo depoimento dele fosse tomado, por considerar que a oitiva foi ilegal porque não teve a presença de um defensor.