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Saiba como está a situação do isolamento social nos municípios onde a covid-19 já chegou

BJ fez um apanhado de Porto Alegre, Bagé, Pelotas, Rio Grande, São Lourenço do Sul e Cerro Grande do Sul e comparou com o comportamento da maioria dos camaquenses que não estão cumprindo com as recomendações dos órgãos públicos para ficarem em casa

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06/04/2020 - 19h55min Corrigir

A pandemia do novo coronavírus alterou a rotina de muita gente nos últimos meses. Desde que os cientistas registraram a primeira contaminação pelo vírus, na China, em dezembro do ano passado, os governantes de todas as nações têm adotado medidas enérgicas e bastante restritivas para tentar barrar a disseminação da covid-19. A principal delas é o isolamento social.

Os especialistas na área da saúde indicam que a permanência em casa, saindo apenas em casos de extrema necessidade, é a principal arma para prevenir a doença, ainda mais que a ciência ainda não descobriu remédio e nem vacina capazes de combater o novo vírus.

No Rio Grande do Sul, a covid-19 chegou no dia 10 de março, segundo informações da Secretaria Estadual da Saúde. Um homem de 60 anos, morador de Campo Bom, que esteve em viagem na Itália dias antes. A partir disso, as mesmas medidas que estavam sendo adotadas em todas as partes do mundo, começaram a vigorar gradativamente por aqui.

Em Camaquã, mesmo não havendo registros da doença, as principais ações para combater a proliferação do novo vírus foram tomadas pelo prefeito Ivo de Lima Ferreira. Os estabelecimentos comerciais estão fechados pelo menos até o dia 15 de abril, conforme decreto emitido pelo Governo do Estado na última semana, no qual o governador Eduardo Leite permite que todos os comércios do RS reabram apenas nesta data, sem dar autonomia aos prefeitos para optarem.

Apenas os considerados serviços essenciais seguem funcionando, porém, cumprindo com as recomendações de higiene, limpeza e limitação de pessoas, inclusive de funcionários. Mas desde a última sexta-feira, o portal de notícias Blog do Juares (BJ) está recebendo denúncias de nossos internautas, que registraram vários camaquenses infringindo as indicações de isolamento e distanciamento social feitas pelos órgãos públicos de saúde.

A partir disso, o BJ resolveu fazer um resumo de como está a situação nos municípios onde a doença já chegou, se os moradores estão respeitando os decretos municipais e se isolando em casa. Nossa equipe de jornalismo obteve depoimentos de pessoas que residem em Porto Alegre, Pelotas, São Lourenço do Sul, Rio Grande e de representantes do Poder Público de Bagé e Cerro Grande do Sul.

Porto Alegre

Na capital do Estado, os casos do novo coronavírus já chegam a 251, com 570 descartados, 305 suspeitos, 53 curados e 4 óbitos até a noite de ontem (5). É o município do RS com mais registros da doença.

O isolamento social em Porto Alegre vai durar até o dia 30 de abril, segundo o prefeito Nelson Marchezan Jr, em uma publicação em seu Twitter. Porém, neste último final de semana, que foi de sol e temperaturas agradáveis, os porto-alegrenses aproveitaram para quebrá-lo e invadiram os principais parques e áreas de lazer da cidade. Apesar de as atividades ao ar livre não apresentarem grandes riscos de contaminação pelo novo coronavírus, desde que feitas sem aglomeração e se mantidos os cuidados de higiene, sabemos que o momento é de isolamento social. Veja mais na reportagem da Gaúcha ZH.

Em conversa com a jornalista Amanda Mattos, que mora na capital há cerca de dois anos, a população num todo está cumprindo com as recomendações do Poder Público, uma vez que a cidade que nunca dorme, está com suas ruas e maior parte dos comércios vazios. “Tá bem morto na rua, não tem quase ninguém, não tem quase carros. Para andar, é muito rápido. Tem fila para entrar na farmácia, nos supermercados, porque contam as pessoas para entrar. As pessoas estão tentando manter uma certa distância. Mas eu e meu namorado já vimos gente correndo na Orla (do Guaíba), então, acham que nessas atividades, por não haver aglomerações, que pode fazer”, afirmou ela. A jornalista trabalha na área de Marketing e disse que está cumprindo horário home office.

Bagé

Localizado na região da Campanha, Bagé é o município do interior gaúcho com mais casos registrados da covid-19, tendo chegado a 24 pacientes infectados nesse domingo (5).

Lá, o prefeito Divaldo Lara intensificou as medidas restritivas entre os bageenses, como a instalação de barreiras sanitárias nas entradas da cidade, vistoriando e sanitizando os veículos que entram e saem de Bagé, além do toque de recolher válido das 22 horas às 6 horas. O BJ teve acesso a áudios do prefeito Lara, por intermédio do jornal Tribuna do Pampa (TP), nos quais o chefe do Executivo bageense fala sobre a situação preocupante da comunidade não estar cumprindo com o isolamento.

“Todo mundo avisado, todo mundo orientado, agora quem quiser incorrer em erro, paciência, é multa. Toda tolerância foi dada para que ninguém pudesse reclamar. A Vigilância (Sanitária) vai para cima para poder assegurar a saúde da população”, disse Lara. “A fiscalização está sendo dura. Primeiro caráter foi informativo, educativo, com abordagem neste sentido. A partir de agora, a postura é mais firme, no sentido de lavrar o auto de infração com a respectiva multa conforme a necessidade e o gravame da situação, o número de URPs, podendo ir de R$ 900 a R$ 9 mil”, reforçou o prefeito bageense.

Pelotas

Já em Pelotas, no Sul do RS, são cinco o número de casos confirmados pelo Laboratório Central do Estado (Lacen/RS) e três que testaram positivo em exames feitos por laboratório particular, mas que não tiveram o resultado do Lacen, dados que constam no boletim epidemiológico desta segunda-feira (6).

No entanto, a população não está respeitando muito os pedidos dos órgãos públicos para que fiquem em casa. “Antes daquele pronunciamento do (presidente Jair) Bolsonaro, estavam respeitando. Mas depois, vi gente em grupinhos bebendo nos bares que podem estar abertos, andando pela (avenida) Duque (de Caxias) e (avenida) Dom Joaquim*, aglomeradas, batendo perna, filas enormes nos bancos e lotéricas, sem respeitar a distância mínima entre um e o outro”, afirmou a contadora Izabel Mattos, em entrevista via internet para o BJ.

Ela segue trabalhando em expediente interno e sua rotina é do escritório contábil onde exerce a profissão para casa e vice-versa. Uma vez na semana está indo ao supermercado e relatou que em Pelotas, nestes estabelecimentos, os cuidados com higiene, assepsia e aglomerações estão sendo tomados à risca. “Tem sempre um funcionário que aplica álcool em gel e esteriliza os carrinhos. E só entra 130 pessoas nesse supermercado onde eu vou”, completou.

*Avenidas de grande circulação de pessoas na cidade, onde os pelotenses se reúnem para esporte e lazer

Rio Grande

Em Rio Grande, também no Sul do Estado, segundo o relato do morador Junior Quaresma, através de uma das redes sociais do BJ, a situação está bem dividida. O município registra dois casos confirmados de covid-19, oito casos suspeitos e 35 descartados até ontem (5), de acordo com a Prefeitura Municipal. “Está meio a meio. Tem comércios totalmente fechados e outros com expediente interno. Mas tem os autônomos e muitos patrões que reabriram mesmo contra a vontade dos funcionários, que queriam ficar em casa protegidos. Só que pelo que vejo aqui no meu bairro mesmo, nos comércios que têm na região, as pessoas estão se protegendo bastante, usando álcool em gel e tendo todos os outros cuidados”, afirmou ele.

Cerro Grande do Sul

No município vizinho de Cerro Grande do Sul, uma moradora de 58 anos foi a primeira paciente a contrair o novo vírus. Ela está internada no Hospital Universitário da Ulbra, em Canoas, pois apresentou complicações em seu quadro clínico e necessitou ser removida para um centro hospitalar de alta complexidade. A mulher possui problemas pulmonares e precisou do tratamento de hemodiálise nesses últimos dias, mas está apresentando uma melhora gradativa, de acordo com o último boletim clínico divulgado pelo HU hoje (6).

Segundo Cícero Omar da Silva, do portal de notícias ClicR, em conversa com a equipe de reportagem do BJ, o primeiro caso confirmado da covid-19 no município fez com que os sul-cerro-grandenses respeitassem mais os decretos municipais. “Aqui, chegou haver um relaxamento, mas nesta última semana, deu para notar que a população veio menos para cidade. A administração municipal também apertou o cerco no comércio, de forma que somente os essenciais funcionaram e isso inibiu bastante a circulação de pessoas. A sexta à tarde e o sábado, que costumeiramente eram de ruas lotadas, nestas últimas (semanas) estavam vazias e a movimentação se concentrou nos supermercados e farmácias, ainda assim com controles de fluxo”, relatou.

A secretária da Saúde de Cerro Grande do Sul, Maria Helena Skopinski, afirma que o comportamento dos moradores do município pode ter relação com a forte disseminação de informações em volta da proteção e do isolamento social. “Acredito que depois de tanto trabalharmos com prevenção, tantas informações nas rádios, jornal, redes sociais, carro de som, e o nosso pessoal informando e conscientizando a população tanto na nossa unidade quanto o pessoal que está indo vacinar em casa para que as pessoas fiquem em casa. E o noticiário da TV também batendo na mesma tecla, as pessoas estão se conscientizando e estão ficando em casa. Ainda tem muita gente descrente, mas a gente continua pedindo ‘Fiquem em casa’. Estamos vendo ótimos resultados e isso passa, se Deus quiser, logo estaremos festejando a nossa vitória”, falou Maria Helena.

São Lourenço do Sul

Nesse domingo (5), o prefeito Rudinei Härter e a secretária da Saúde, Jaqueline Bergmann, confirmaram o primeiro caso de covid-19 em São Lourenço do Sul. Trata-se de uma mulher de 29 anos, que trabalha na área da saúde. A jovem está em isolamento domiciliar desde quando apresentou os primeiros sintomas e teve seu material genético coletado para análise no Lacen, mas se recuperam bem, conforme informou a secretária Jaqueline.

Mas, segundo um morador do município praiano de pouco mais de 44.560 mil habitantes, o comportamento do povo lourenciano está completamente ao contrário do que estão indicando os especialistas em saúde para frear a pandemia. “No geral, as pessoas não estão respeitando muito. Eu não saio muito, só vou na farmácia, supermercado, e só quando necessário. Mas eu vejo na rua, na praia tomando mate, gente bebendo em bares no centro, como se nada tivesse acontecendo”, afirmou o estudante universitário Arisandro Mendes, também em conversa via rede social com a equipe de reportagem do BJ.

Porém, ainda de acordo com ele, esse primeiro caso de covid-19 registrado no município pode fazer com que a população comece a encarar a situação de outra forma. “Eu acredito que elas vão mudar, porque é pessoal de cidade pequena, vão ver que a coisa está séria e vão mudar, porque antes estavam agindo normalmente”, finalizou o jovem.

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