Um grupo formado pelas coordenações, gerências e assessorias de Atenção Primária à Saúde e Saúde da Família de Porto Alegre, Florianópolis e Rio de Janeiro divulgou uma nota técnica que desestimula o uso de cloroquina e de hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. Ele cita o "efeito duvidoso" desses medicamentos.
Segundo a nota, “não há evidência de benefício na utilização em humanos de drogas com possível efeito antiviral”. Entre elas, o grupo elenca, além da cloroquina e da hidroxicloroquina, a azitromicina, a amoxicilina com ou sem clavulanato e a ivermectina, ou quaisquer associações entre elas.
O risco, conforme o grupo, é de aumentar problemas cardíacos nos pacientes com coronavírus.
“Dentre os riscos impostos, inclui-se a incidência de arritmias cardíacas causadas pelas quinoleínas (cloroquina e hidroxicloroquina), especialmente em associação com a azitromicina, devido à ação destas drogas no sistema de condução cardíaco. Outros riscos ou danos incluem a neurotoxicidade, no caso da ivermectina, e efeitos gastrointestinais como a diarreia, no caso da azitromicina”, conclui a nota.
O grupo recomenda, para as primeiras 48 horas, o uso de oseltamivir para casos de síndromes gripal ou respiratória aguda grave. E, antes disso, o distanciamento social para toda população, bem como uso de máscaras caseiras e higienização constante das mãos e objetos.
A medida foi entendida pelo governo estadual como uma recomendação, e não deve alterar os protocolos da utilização do medicamento no Rio Grande do Sul. "Decisão é do médico", disse o governador Eduardo Leite.
O presidente Jair Bolsonaro defende o uso da cloroquina no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus. Mas não há comprovação científica de que esse remédio seja capaz de curar a covid-19. Estudos internacionais não encontraram eficácia no remédio, e a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda a utilização.
Nesta sexta (22), uma pesquisa científica com 96 mil pacientes, publicada na revista "The Lancet", aponta que não há melhora na recuperação dos infectados, mas existe um risco maior de morte e piora cardíaca durante a hospitalização pelo Sars CoV-2.