Economia

"Nós não somos contra as bandeiras. Só não entendemos os protocolos", afirma presidente do Sindilojas Costa Doce

Empresário Otávio Morais participou da videoconferência "Reflexo da Pandemia no Varejo", promovida pelo Instituto Inovação de Porto Alegre nessa segunda-feira (20). Ele opinou sobre o Modelo de Distanciamento Controlado e a atual situação da economia

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21/07/2020 - 14h00min Corrigir

"Nós não somos contra as bandeiras. Só não entendemos os protocolos". A afirmação foi feita pelo empresário camaquense e presidente do Sindilojas Costa Doce, Otávio Morais, que participou da videoconferência "Reflexo da Pandemia no Varejo", promovida pelo Instituto Inovação de Porto Alegre dentro do programa Inovação Master Club. O encontro virtual ocorreu na noite dessa segunda-feira (20), através do aplicativo de reunião Zoom Corporativo, e contou também com a presença do presidente do instituto, Joel Adriano Maciel, do presidente do Sistema Fecomércio RS, Luiz Antônio Baptistella, do CEO da Formatta RH - Gestão de Estágios, Alencar Medeiros, aberto ao público e mediado pelo músico e empreendedor Paulinho Rícoli.

De acordo com Morais, o governo do Estado falhou em não dar representatividade para o setor econômico ao criar o Gabinete de Crise do coronavírus. Para o empresário, o governador Eduardo Leite não justificou as regras do modelo de Distanciamento Controlado que exigem o fechamento dos serviços não essenciais e se a medida realmente está colaborando para o achatamento da curva de contágio da covid-19, visto que os casos positivos e óbitos associados à doença vêm crescendo no RS mesmo com a maior parte das regiões estando com seus comércios fechados.

O empresário afirmou também que existe uma desigualdade econômica nos agrupamentos do modelo. Para ele, o exemplo maior disso foi colocar a região da Costa Doce, que sobrevive principalmente do primeiro setor (agricultura e pecuária), junto de Porto Alegre e região Metropolitana, com foco em indústrias e atividades de comércio de bens e prestação de serviços.

Quatro fases dos reflexos da pandemia no varejo

Morais dividiu os reflexos da pandemia no comércio de varejo em quatro fases: pânico, realidade, cooperação e solução. O empresário acredita que o setor esteja vivendo o momento de cooperação, unido às federações, entidades e poder público em prol de buscar soluções para a reabertura do comércio e enfrentamento da crise, que já colocou o Brasil no ranking com o maior número de desempregados do que empregados atualmente. Em nível estadual, já foram mais de 32 mil suspensões de contratos CLT. E 16% das empresas ainda estão demitindo, de acordo com uma pesquisa feita pelo Sebrae. Caso não haja o prolongamento dos contratos CLT nos próximos meses, esse percentual ficará ainda maior. Todavia, houve um crescimento da informalidade, através da aberturas de MEIs (Microempreendedores Individuais). 

A fase do pânico, segundo o presidente do Sindilojas Costa Doce, começou em março, quando o Distanciamento Controlado ainda não tinha entrado em vigor no Estado e os representantes dos setores econômicos das cidades da região se uniram para solicitar aos prefeitos o fechamento do comércio antecipadamente, na intenção de conter o contágio pelo novo coronavírus e poder reabrir mais cedo do que em outros lugares. Foi o período em que os estabelecimentos estiveram sem funcionar por cerca de 20 dias. 

Morais apontou que, neste momento, as empresas precisaram planejar alternativas para se manter e guardar o capital de giro. Tais ações começaram a refletir a curto prazo, misturando pânico com a realidade. Também segundo a pesquisa do Sebrae, o faturamento do varejo caiu em 60% a 70% em março. Depois dessa queda, o rendimento começou a se recuperar gradativamente com o surgimento das necessidades de prorrogação de impostos e ofertas de linhas de crédito por parte do poder público. Atualmente, a queda do faturamento das empresas de serviços não essenciais está em 51%. 

O empresário detalhou que 46% dos pequenos e médios empresários do varejo buscaram linhas de crédito através do Pronamp. Destes, 82% não teve acesso porque 41% possui dívidas em atraso. 

Equilíbrio entre setores

Otávio salientou que o governo do Estado deveria ter equilibrado o setor da saúde com o setor econômico para determinar as regras do Distanciamento Controlado. "Estamos preocupados em salvar vidas, mas também estamos preocupados com nossa economia, porque não existe comércio não essencial. O varejista sabe que o carnê é o que sustenta e faz manter o cliente. Quando ele vai pagar, o vendedor já pode fazer com que ele realize outra compra. Ficarmos abertos somente para receber contas pela grade não nos mantêm", disse ele. O empresário acredita que todas as empresas são fundamentais para o crescimento de uma cidade. "Se faltam recursos para o município é também por falta de arrecadação por parte do comércio", salientou.

Segundo ele, se o Decreto Estadual proibisse as atividades agrícolas e a pecuária, a região da Costa Doce estaria falida, já que apenas o terceiro setor não manteria a economia por muito tempo e o setor industriário é desfavorecido nesta parte do Estado. "Só vai haver um salto no setor secundário na região da Costa Doce com o término da duplicação da BR-116, que nós vamos conseguir atrair mais indústrias para cá", afirmou. 

O empreendedor também argumentou que outro ponto negativo do modelo é considerar o total de casos positivos da covi-19 das cidades para classificar a cor das bandeiras. Otávio acredita que somente os casos graves deveriam ser levados em conta. A partir disso, conforme o empresário, a abertura do comércio em geral poderia acontecer com flexibilizações - as mesmas adotadas por aqueles considerados essenciais e que estão liberados para funcionar durante a pandemia, mesmo em bandeira vermelha. "Acredito que o governador vai entender e repensar a retomada total do comércio. Até mesmo aqueles que antes defendiam o fechamento total, hoje, estão ligando e mandando mensagem pedindo para que a gente continue lutando pela abertura total, porque do jeito que está não dá mais", disse. "Nós precisávamos estar abertos ontem, flexibilizando, um cliente por vendedor... Nós não somos contra as bandeiras. Só não entendemos os protocolos", completou. 

Lockdown e possível autonomia para os prefeitos

Durante a videoconferência, foi aberto espaço para perguntas. Quando questionado sobre sua opinião a respeito do anúncio feito por Leite, no pronunciamento da tarde de ontem, afirmando que dará mais autonomia aos prefeitos na tomada de decisões em relação ao funcionamento do comércio, o empresário disse não acreditar que este seja o melhor caminho atualmente. Para ele, isso vai promover uma fração nas opiniões e acirrar disputas políticas entre os gestores municipais. "O governador quem criou as diretrizes do decreto e ele quem deve continuar encontrando soluções e levando em conta a economia", afirmou. 

Otávio também opinou a respeito do tão falado lockdown na região Metropolitana por conta do alto número de internações de pacientes com Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs). O empresário espera que ele não ocorra neste momento, e que se essa medida fosse realmente necessária, deveria ter sido tomada no começo da pandemia no RS, em março.

Perspectivas para o futuro

O presidente do Sindilojas Costa Doce falou de sua preocupação com o futuro da economia e salientou mais uma vez que a união entre todos os setores será fundamental para a retomada. "Mas uma união com ação", disse ele. Para o empresário, o mercado vai precisar buscar oportunidades para se reinventar, além de ter de se adaptar ao "novo normal" e ter persistência, pois a previsão dos especialistas é de que os reflexos da pandemia ainda atinjam o comércio em geral pelo menos por dois anos após o fim da crise sanitária e que cerca de 30% das empresas deverão fechar as portas neste período, caso não haja cooperação. "Muitos comércios não vão conseguir buscar novos nixos por conta do poder aquisitivo das pessoas que vai cair", afirmou.

Otávio acredita ainda que o perfil do consumidor mudou e continuará mudando depois da pandemia. E as empresas deverão se adequar ainda mais a um "cliente prático, objetivo, sólido e ativo". O empreendedor afirma que a pandemia trouxe um ponto positivo que deverá ser melhor explorado, que é conhecer mais o consumidor e saber o que ele realmente quer comprar, além de aprimorar os recursos alternativos de vendas, como o e-commerce (lojas virtuais), e maneiras de prospectar clientes pela internet.

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