A cotação da saca de soja chegou a R$ 127,00 ontem no Porto de Rio Grande. O valor é recorde histórico nominal no terminal marítimo gaúcho, onde a média de preços dos últimos quatro anos foi de R$ 75,00. A alta é resultante da associação de fatores como a pouca oferta de grãos, ocasionada pela quebra da safra gaúcha 2019/2020, associada à alta demanda externa e ao câmbio favorável. O preço chegou a R$ 120,00 em Ijuí, R$ 121,00 em Passo Fundo e R$ 124,00 em Canoas.
Como a demanda interna também está alta e a disponibilidade é pequena, os prêmios pagos no Interior chegaram a superar os oferecidos nos portos durante a semana passada. Ontem, no entanto, estavam em 1,75 dólar por bushel em Rio Grande, 1,50 em Ijuí e 1,63 em Passo Fundo e Canoas.
O sócio-diretor da New Agro Corretora, Gean Kunh, explica que resta menos de 7% da safra gaúcha para comercialização. A baixa oferta causou uma disputa pela oleaginosa e repercutiu no preço dos prêmios. “Cooperativas e cerealistas que têm soja disponível escolhem para quem vender, seja para o mercado interno ou para o externo, o que se reflete no prêmio posto em cima da cotação do grão”, explica.
O analista de mercado Faria Toigo reitera que os prêmios se refletem em ganhos para quem ainda tem para vender. “A tendência é altista, já que não tem produto e o dólar deve seguir subindo”, avalia.
O presidente da AprosojaRS, Décio Teixeira, acrescenta que a tensão entre Estados Unidos e China afeta a bolsa de Chicago e isso também influencia as cotações. “Essa situação gera manobras e causa interferências nessa bolsa que dita os preços”, sintetiza.