Polícia

Vereador suspeito de atropelamento em Chuvisca pode responder por lesão corporal grave

Em contato com a Câmara de Vereadores e Prefeitura de Chuvisca, a reportagem do BJ soube que há indicação para abertura de um processo administrativo a fim de investigar a conduta do servidor, que está de licença do cargo e de férias da sua função pública

Compartilhe:
22/08/2020 - 18h54min Corrigir

Um caso que ainda choca e provoca revolta na comunidade. O atropelamento de Lorena Tavares da Silva, 59 anos, moradora do município de Chuvisca, completa duas semanas neste sábado (22). Na tarde do último dia 8, quando ela caminhava pelo acostamento da ERS-350, na localidade de Picada Grande, que faz divisa entre Chuvisca e Dom Feliciano, acabou sendo atropelada por um Chevrolet Onix de cor vermelha. Lorena estava voltando para casa após comprar flores que iria levar ao túmulo do pai falecido. O motorista do automóvel, além de invadir o acostamento, fugiu sem prestar socorro. Testemunhas do fato apontam o condutor como sendo o vereador chuvisquense Hélio Langhanz (PP).  

A vítima sofreu múltiplas fraturas, especialmente na região das pernas, e ainda está em estado grave. Atualmente, Lorena encontra-se internada em um leito de UTI do Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, e aguarda por mais uma cirurgia, que será realizada na bacia. Ela já passou por sete procedimentos cirúrgicos desde quando ocorreu o atropelamento. Essa nova cirurgia está sendo adiada pelos médicos porque Lorena é cardíaca e está fazendo uso de morfina para amenizar as fortes dores causadas pelas fraturas e ferimentos. Segundo a advogada que representa a família, Mikaela Tavares Schuch, em conversa com o portal de notícias Blog do Juares (BJ), a mulher necessita de uma avaliação médica mais profunda antes de passar por nova intervenção cirúrgica. 

Na quinta-feira (20), Mikaela esteve na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Camaquã, onde a ocorrência foi registrada, para falar com o delegado Robertho Peternelli, responsável pelo caso, sobre o andamento do processo. A advogada disse que o suspeito já se apresentou na DPPA junto de seu advogado, mas preferiu se pronunciar somente em juízo e, também, não entregou o carro para que fosse feita perícia. No entanto, o delegado Peternelli, também em conversa com o BJ, informou que o procedimento já foi solicitado e está em análise no Judiciário. 

Ao longo desta semana, as testemunhas foram ouvidas pela Polícia Civil. Mais de sete pessoas prestaram depoimento e apontaram que o suspeito foi visto horas antes do atropelamento consumindo bebida alcoólica em um bar próximo do local do acidente, inclusive em um grau elevado. Mas, como ele fugiu, não foi possível realizar o teste do bafômetro para comprovar de fato. 

Neste momento, o relatório do inquérito policial está em fase final. Posteriormente, o documento será remetido à Justiça para que haja um posicionamento do Poder Judiciário sobre quais providências legais serão tomadas sobre o caso, com tendência de indiciamento para que o suspeito responda ao processo judicialmente. “Há bastante clamor popular, por isso tentamos encerrar no menor tempo possível, mas também primando por fazer um procedimento de qualidade”, afirmou Peternelli. 

O suspeito pode responder pelos crimes de embriaguez ao volante, lesão corporal grave, omissão de socorro e fuga do local de acidente. Mas, também, a infração de determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa pode contar no processo, já que o suspeito foi visto pelas testemunhas promovendo aglomeração em meio à pandemia. Quanto aos boatos de que ele teria descumprido o isolamento e circulado no dia do ocorrido, mesmo com resultado positivo para a covid-19, a assessora jurídica da prefeitura, Lilian Bartz, afirmou ao BJ que os laudos médicos apontam Langhanz como recuperado da doença e já de alta dois dias antes do ocorrido. A advogada frisou ainda que o servidor não estava de expediente, pois ele também é motorista da Secretaria da Saúde, e não utilizava nenhum veículo oficial do município no dia do ocorrido. 

A comunidade de Chuvisca realizou um protesto em frente à casa do vereador três dias após o acidente, além de uma carreata que terminou em frente à Câmara de Vereadores do município. Na mesma data, houve uma sessão plenária que contaria com a presença do parlamentar, mas ele não se fez presente, assim como não apareceu em frente à sua residência para falar com os familiares da vítima.  

No dia seguinte, uma pessoa do convívio próximo do suspeito entrou em contato com o BJ e alegou que ele teria tido um mal súbito no momento do acidente e estaria disposto a colaborar com a remoção de Lorena para um hospital de alta complexidade – na ocasião, ela ainda aguardava por um leito de UTI internada no Hospital Nossa Senhora Aparecida (HNSA). Nossa equipe tentou falar com o vereador para ouvir sua versão dos fatos, mas sem sucesso. A família, que neste momento está na Capital cuidando de Lorena, afirma que o suspeito não procurou ninguém para prestar solidariedade. Recentemente, em uma rede social, o vereador publicou um texto sobre julgamentos precipitados e apontou que “só quem pode julgar é Deus”.  

A reportagem do BJ entrou em contato com a Câmara de Vereadores de Chuvisca para saber da atual situação do vereador junto ao Legislativo e a resposta que tivemos do assessor jurídico Sérgio Bierhals foi que por conta de as eleições municipais estarem próximas e o mandato de Langhanz estar no fim, praticamente fica inviável abrir um processo de cassação contra ele. Mas, de acordo com o advogado, não há como descartar um processo neste sentido. Agora, o vereador está de licença do cargo para concorrer ao pleito deste ano, mas antes, ele também havia solicitado férias da função de motorista da prefeitura logo após o ocorrido.  

Porém, foi protocolada e lida na última Sessão da Câmara a indicação de abertura de um processo administrativo disciplinar com sindicância para que a prefeitura apure os fatos relativos ao acidente pelo qual o vereador está sendo suspeito de ser o autor. O pedido já foi enviado ao prefeito Joel Santos Subda e contou com a assinatura de seis dos dez vereadores em exercício, com exceção de Langhanz. 

MAIS NOTÍCIAS

BJ RÁDIO WEB | CAMAQUÃ (RS)
FUNERÁRIA CAMAQUENSE
AFUBRA MAR 2024
FUNERÁRIA BOM PASTOR
COMERCIAL BLOG DO JUARES
COMERCIAL EM INGLÊS BLOG DO JUARES
CÂMERAS
TBK INTERNET
Mais Lidas
BJ RÁDIO WEB | CAMAQUÃ (RS) FUNERÁRIA CAMAQUENSEAFUBRA MAR 2024FUNERÁRIA BOM PASTORCOMERCIAL BLOG DO JUARESCOMERCIAL EM INGLÊS BLOG DO JUARES
CÂMERASTBK INTERNETAABBSUPER SÃO JOSÉ