Conforme um estudo elaborado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), divulgado nessa terça-feira (25), o pico de internações por covid-19 em Porto Alegre já passou. A análise aponta que o ápice de pacientes hospitalizados com diagnóstico positivo para o coronavírus na Capital ocorreu no dia 13 de agosto, com 342 leitos ocupados. Na tarde de ontem, eram 307 pacientes internados.
O gerente de risco do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Ricardo Kuchenbecker, aponta que é necessário analisar a estabilização em mais dias. De acordo com o médico epidemiologista, primeiramente deve se ter a certeza de que os números de casos e de óbitos também estabilizaram, uma vez que em termos de utilização dos leitos de UTI, os dados ainda estão em um patamar muito próximo da capacidade total. "É perigoso a gente falar em uma certa estabilização quando estamos muito próximos do teto”, observou o especialista, em entrevista ao portal G1 RS.
Na visão do secretário adjunto da Saúde da Capital, Natan Katz, essa estabilidade é um indicativo de que as mortes também deverão diminuir a partir de agora. Mas pediu cautela. “Esses meses de agosto, setembro e outubro são muito críticos, porque a gente tem uma transmissão muito elevada na cidade, e qualquer aceleração pode ser difícil de frear. Provavelmente mais para o fim do ano ou no ano que vem, quando a gente tiver mais pessoas com imunidade, a gente vai estar um pouco mais tranquilo”, acrescenta Natan.
No entanto, a tendência de queda ainda depende do comportamento das pessoas em relação ao distanciamento social, segundo afirmam os especialistas. A flexibilização das atividades econômicas aumentou a circulação de pessoas nas ruas. O alerta é feito pelo matemático Cristiano Hackmann, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo.
“Todo o modelo matemático é baseado no comportamento atual e passado da população. Qualquer modificação em termos de distanciamento social e cuidados de higiene pode fazer com que esse número volte a aumentar. Mas o modelo indica que exista uma diminuição caso o comportamento atual se mantenha”, afirma Hackmann.