O laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) não encontrou sinal de violência no corpo de David Soares, de 25 anos, encontrado morto no arroio Duro, no início do mês, em Camaquã. Ele havia desaparecido na noite de 12 de dezembro, depois de participar de uma cerimônia religiosa.
A delegada regional Vivian Sander Duarte, responsável pela investigação, afirmou que a Polícia Civil ainda aguarda os exames complementares para definir a causa e a data mais provável da morte e também confirmar a identidade através do teste de DNA.
"O laudo de necropsia não encontrou sinal traumático, entretanto, estamos aguardando exames complementares, ou seja, para definir a causa da morte, os quais ainda não aportaram neste órgão policial", explicou Vivian à imprensa nesta segunda-feira (23).
O corpo está recolhido no Departamento Médico-Legal (DML) de Pelotas. A despedida do jovem deve acontecer após todos os exames periciais e será limitada apenas ao sepultamento, que ocorrerá no Cemitério Bom Pastor.
Desaparecimento e buscas
David não foi mais visto depois que foi deixado em casa de carro por uma amiga na noite de 12 de dezembro. Ele morava sozinho na Avenida Sete de Setembro, centro da cidade. O desaparecimento foi registrado por outra amiga na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). O BJ News também apurou que o jovem não tem contato próximo com a família desde o falecimento de uma das avós que o criou.
Após quase 20 dias do sumiço de David, o Corpo de Bombeiros realizou a remoção do cadáver do jovem das águas do arroio Duro, no começo da noite de 1º de janeiro. Populares chamaram o resgate após notarem algo estranho, semelhante a restos mortais, boiando no arroio no final da tarde.
O corpo foi localizado pelos socorristas na região da ponte do CTG Camaquã. Uma amiga próxima fez o reconhecimento preliminar. O IGP foi acionado e a PC acompanhou o trabalho de remoção do corpo até a chegada dos peritos.
A delegada Vivian disse ao BJ News que ainda segue a hipótese de que David tenha se suicidado, com base na carta encontrada por uma amiga na casa onde ele morava. Preliminarmente, a autoridade policial afirmou à reportagem que não há indícios de que o jovem tenha sido assassinado.
A procura pelo rapaz teve início no dia 15 de dezembro. Os bombeiros tiveram o apoio de socorristas da Companhia Especial de Busca e Salvamento (CEBS) de Porto Alegre, que utilizaram cães farejadores atrás de vestígios do jovem. Algumas comportas da barragem do arroio Duro foram fechadas e outras abertas, com autorização da Associação dos Usuários do Perímetro de Irrigação do Arroio Duro (AUD), para drenar o nível da água também como forma de tentar localizá-lo, mas sem sucesso.
Os trabalhos de buscas feitas pelas autoridades se concentraram em áreas pelas quais David passou conforme apontaram imagens de câmeras de segurança recolhidas por amigos com moradores. O GPS do celular dele havia sido rastreado e apontou que David esteve pelo bairro Gaúcho na madrugada do dia 13 de dezembro.
O BJ News teve acesso, em primeira mão, aos registros. Nas imagens, o rapaz é visto caminhando sozinho nos arredores do CTG Camaquã e segurava algo não identificado na mão. Ele vestia regata e calça, ambas na cor preta, e usava chinelo. Em outro registro, é possível ver um homem de camiseta branca se aproximando de David. No entanto, não é possível afirmar que eles tenham interagido.
Apenas o celular de David foi localizado pela guarnição na cabeceira da ponte do CTG Camaquã, no começo da noite de 16 de dezembro. O aparelho estava intacto, com bateria e chip. Os amigos relataram à polícia que o celular ainda poderia estar funcionando por ser bem resistente à água, conforme relatou a própria vítima desaparecida quando o comprou. A polícia aguardava liberação judicial para iniciar a perícia no aparelho.
Após informações de uma área de terra remexida nas proximidades do CTG Camaquã, uma equipe dos bombeiros e de policiais civis foram até o local averiguar na tarde de 29 de dezembro. Porém, nenhuma evidência de um possível corpo enterrado foi encontrada. Agentes da PC e dos bombeiros já haviam cumprido varredura pela região, pouco mais de uma semana antes, mas, também, sem êxito.
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