Moradora da localidade de Brasino, no interior de Cerro Grande do Sul, Anna Laura Teixeira Borges, 15 anos, enfrenta uma considerável rotina para conseguir estudar no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) em Camaquã. Para muitos estudantes como Laura, seguir um sonho nem sempre é algo fácil, visto que, fazer um curso técnico em uma instituição pública vem acompanhado de mudanças, adaptações e outras realidades fora de seu ambiente de costume.
Laura acorda na madrugada para esperar um ônibus antes das 6h30 nas proximidades da Ponte do Velhaco. A aluna do turno da manhã, somente encontra ônibus na tarde para voltar para casa, ou seja, ela fica um certo tempo no instituto. Somando ida e volta, a estudante enfrenta aproximadamente 85 Km de trajeto. “Tenho que esperar na beira da faixa, normalmente é muito escuro e é muito frio”, relata a estudante.
A dificuldade em relação a falta de tempo para fazer trabalhos acadêmicos também é um dos pontos destacados pela acadêmica. Devido ao seu percurso, ela usa os finais de semana para se dedicar aos seus trabalhos. Segundo Laura, existem algumas tarefas que ela precisa estar “descansada”, pois mesmo passando um período no IF pela tarde, algumas questões externas influenciam no desenvolvimento das atividades.
Projetos de pesquisa e extensão: “Dá vontade de estudar”
Conforme a estudante, ela participa do projeto “IF you dance”.O IF you dance leva à comunidade camaquense e arredores oficinas de dança com o objetivo de integração, desinibição, diversão, cooperação, coordenação e aprendizado através da dança. Além disso, Laura participa de um projeto de pesquisa sobre escritoras negras e integra o time de volêi do instituto.
“ Escolher o que tu queres fazer e ter apoio dos professores… os projetos foram o que mais fez meus olhos brilharem… dá vontade de estudar”
Incentivada pela mãe, que é professora, a aluna relata que sempre teve vontade de ingressar no local, “Eu passava aqui (IFSul) e dizia meu Deus eu quero estudar aqui…”. Ao observar o interesse em estudar, a família fez um esforço para que isso ocorresse, conta a estudante.
Um ponto de vista sobre os cortes na educação
Conforme a opinião da estudante, é triste que o governo não encare com seriedade a pauta da educação. Dando relevância somente para a Reforma da Previdência e outras questões menos relevantes.” Eu sou de uma família de professores, minha avó é professora, minha mãe é professora e sei o quanto isso é importante”.
“ O IFSul muda vidas… me sinto uma pessoa muita mais madura do que era antes… Aqui, eles (os professores) nos dão o nosso espaço.”
Para Laura, muito mais que um lugar de aprendizado, o IFSul também é um lugar de oportunidades.
