Educação

Professora da UFRGS é uma das sete cientistas que contribuem com o mundo em lista da ONU Mulheres

Física Marcia Barbosa estuda as estruturas complexas da molécula de água e fala sobre o baixo número de mulheres no universo da pesquisa e do machismo presente na sociedade

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21/02/2020 - 08h30min Corrigir

Uma professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi mencionada pela ONU Mulheres com uma das sete cientistas que moldam o mundo. Titular do Instituto de Física, diretora da Academia Brasileira de Ciências e membro da Academia Mundial de Ciências, Marcia Barbosa estuda as estruturas complexas da molécula de água.

“[Usamos] esses comportamentos estranhos da água para solução de problemas do nosso cotidiano, por exemplo, um problema é a falta de água no mundo, e uma maneira de obter mais água no mundo é separar a água do sal. Esses processos que hoje são usados no mundo da dessalinização são muito ineficientes porque eles consomem uma energia enorme, eles precisam que as plantas de dessalinização sejam imensas, então, são muito caros", explica a professora.

A cientista trabalha na solução para esse problema. Uma das propostas é deixar de usar filtros no processo de dessalinização, e criar uma peneira em tamanhos nanométricos.

"A gente fez estimativas iniciais, se um dia isso pudesse ser produzido, o tamanho de uma planta de dessalinização vai reduzir, e o custo também. Isso não existe de verdade, é computador. Fabricar isso em grande escala ainda não é viável, mas é isso que o físico teórico faz, acha um mecanismo, acha um fenômeno, e com o tempo esse fenômeno se torna viável", acrescenta a professora.

Na lista da ONU Mulheres aparecem também a farmacologista chinesa Tu Youyou, a cientista da África do Sul Kiara Nirghin, a matemática norte-americana Katherine Johnson, a cientista e física polonesa Marie Curie, a cientista e pesquisadora da patologia molecular de plantas Segenet Kelemu e a matemática iraniana Maryam Mirzakhani.

Em 2013, Marcia ganhou o prêmio L'Oréal-UNESCO para mulheres cientistas, que visa promover a posição das mulheres na ciência ao reconhecer pesquisadoras de destaque que contribuíram para o progresso científico.

Assim, a professora une as duas coisas: a física e a militância para que mais mulheres possam fazer parte do universo da pesquisa e sejam valorizadas.

"Eu uso todo o prestígio que eu consigo com a ciência dura para ressaltar que nós precisamos de mais mulheres na ciência. Eu ganho uma voz muito especial pelo fato de conseguir fazer uma boa ciência exata. Eu reconheço que eu tenho um papel importante de fazer militância para ter mais mulheres na ciência."

Mulher colaborando com mulher

Pensando na troca de ideias, Marcia realiza eventos em que une ciência e a discussão de temáticas das mulheres.

"Em setembro desse ano, nós vamos fazer na UFRGS um evento que vai misturar as duas coisas, vai ter as anomalias da água, a complexidade e esses processos todos, junto com falar de gênero. Nós vamos misturar as duas comunidades, é importante ter esse diálogo." "É importante as mulheres fazerem uma rede de pesquisadoras para elas se apoiarem. Mulher colaborando com mulher. O fato de eu trazer números e trazer essa militância há mais de 20 anos é também uma característica que eu entendo que a ONU Mulher quis ressaltar."

A cientista, que trabalha também com dados sobre o baixo número de mulheres na pesquisa, fala sobre fatores que contribuem para esse contexto.

"A gente tem dois problemas. Um problema é que o percentual de mulheres diminui a medida que avançam na carreira, isso é verdade para todas as carreiras de ciência. Numa aula de biologia, tu vai ter 60% de meninas assistindo, mas quando tu chegar no topo da carreira, não chega a 20%. Há diminuição percentual ao longo da carreira. Essa diminuição percentual existe em todas as áreas. Em física, a gente não é nem 20% em sala de aula lá na graduação. Quando avança na carreira, é uma caída grande. Tem dois problemas, problema de entrada que não chega ao topo e um problema de baixa entrada".

A queda da presença feminina ao longo da carreia está ligada, segundo a pesquisadora, ao conceito de liderança presente no imaginário das pessoas. "As meninas são educadas para serem bem comportadas, boazinhas, para não interromper ninguém. Aí, a gente pensa no imaginário da gente que o líder é aquele cara forte, que interrompe, que tem uma postura, que tem uma linguagem corporal, que é masculina. Quem fez esse construto? Foi o machismo."

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