O domingo (5) ensolarado e de temperaturas agradáveis marcou os 10 dias de Feira do Livro de Porto Alegre e garantiu a presença do público na Praça da Alfândega. A programação gratuita e com diversas atrações para todas as idades conquistou quem passava pelos espaços e algumas atividades tiveram vagas esgotadas. E o público deu um show de solidariedade, com doações de livros para as cidades atingidas pelas enchentes.
Até o momento, o Banco de Livros do Rio Grande do Sul recebeu mais de 1,5 milexemplares a serem doados às escolas e bibliotecas do Vale do Taquari. A ação social acontece desde o início do evento e vai ajudar a recuperar parte dos acervos dos espaços de leitura e educação destruídos pelas enchentes. O ponto de coleta fica em frente ao Memorial do Rio Grande dos Sul.
Dentro da programação geral, um dos destaques foi o bate-papo e oficina sobre como manifestar os sentimentos por meio da escrita, com a escritora e jornalista Cris Lisbôa. O auditório do Memorial do Rio Grande do Sul lotou para o encontro descontraído com a autora de livros como Tem um coração que faz barulho de água (editora Memória Visual, 2018) e Nunca fui a garota papo-firme que o Roberto falou (editora Memória Visual, 2011). Ela falou sobre o início da escola livre de criação em escrita que fundou, a Go, Writers!.
“Para poder dar aulas, eu comecei a prestar atenção em como eu escrevia, como eu tinha as ideias. Antes, não parava para pensar nisso, era quase automático”, contou. Embora acredite que processo criativo não pode ser ensinado, Cris detalhou que é necessário, na sua visão, humanizar a comunicação escrita. “Palavras são palavras. São capazes de ‘quebrar engradados de estrelas’ dentro das pessoas. E, sobretudo, porque tem coisa que só sai da gente por escrito”, definiu.
Enquanto isso, na área infantil e juvenil da Feira do Livro, o 6º Encontro de Influenciadores Literários e Seguidores movimentou o Espaço Jovem Banrisul Vero. As autoras Iris Figueiredo, de _Um passo de cada vez_ (editora Seguinte, 2022) e Gih Alves, de _Coração Mal-Assombrado_ (editora Novelleter, 2022) participaram de uma conversa com a plateia. Dentre vários temas, falaram sobre a produção de conteúdo por escritores e uma certa obrigação de estarem presentes em todas as redes sociais, especialmente as mais vistas pelos jovens, como o Tik Tok e o Instagram. Para animar ainda mais o espaço, a coordenação do encontro, feita por Tamirez Santos e Joice Cardoso, realizou dinâmicas e sorteios de brindes para o público.
Espetáculo musical
Além das obras literárias, outras manifestações artísticas e culturais também têm espaço na Feira do Livro. O palco do auditório Barbosa Lessa, do Espaço Força e Luz, recebeu neste domingo a última sessão do ano do show ‘Casa’, de Simone e Madalena Rasslan. No espetáculo, mãe e filha expõem, por meio de músicas nacionais com pitadas de literatura, uma narrativa que trata sobre lar e tempo. Elas ampliam a ideia de casa para além das quatro paredes. De acordo com as musicistas, a criação surgiu na pandemia e reforça a ideia de que uma casa é feita de afeto, angústias e aprendizados.
Desafios da crítica contemporânea
Também no Barbosa Lessa, Regina Dalcastagnè, pesquisadora, professora e crítica, participou de um painel com Ricardo Barberena, professor da escola de humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Eles fizeram uma reflexão sobre a redução do espaço para a literatura nos veículos de comunicação e as transformações que ocorreram na crítica literária brasileira nos últimos anos.
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