Colunistas

Crônicas de Rodrigo Bender Dorneles

Crônicas de Rodrigo Bender Dorneles

Rodrigo Bender Dorneles é Bacharel em Administração. Administrador poeta e cronista. Trabalhou no agronegócio da família, e na CESA, Camaquã (RS). Mora atualmente em Porto Alegre, onde seguiu caminho profissional na área comercial.
Trabalha hoje como consultor de negócios em uma empresa de Assessoria tributária.
Filosofo de final de semana. Amante de história, sociologia e filosofia.

Não existe nada em ti que não seja teu

25/05/2023 - 18h18min Rodrigo Bender Dorneles/ Foto: Depositphotos / Direitos Reservados

Seu corpo ambulante materializando ações na imensidão secreta do universo. Fechado em sua própria existência, com a unidade do eu e a pluralidade do todo.

Não existe nada na sua vida que não pertença a sua existência, circundada pela insignificância de suas próprias percepções, oriunda da maturidade dos seus sentidos.

O que vê é tudo teu. O que cheira é tudo teu. O que ouve é tudo teu. O que pensa é tudo teu. O que sente de mais profundo é teu e somente teu.

Mas o que transmite, fala e como age são insumos ao mundo e à imensidão do universo.

A conexão de uma partícula com a vastidão do todo.

Não serás mais do que adubo a terra quando morrer.

Não é mais, o que pensa ou que vê.

Mas mesmo preso e escravo nos seus anos de existência. Ainda assim você e só você foi o infinito consumado da unidade que está no ser.

Teus anos vividos materializados na complexidade do espaço- tempo ficam para eternidade. Pois mesmo não sendo mais ainda és.

Pois ainda estás nos anos em que viveu e por lá permanecerá pela eternidade.

Existem luzes emitidas, de estrelas já morreram e não existem mais e que ainda não são visíveis aos seres da Terra. Essas luzes estão ainda viajando para chegar a Terra em algum momento. Ou seja, ao olhar para o Céu você também vê o passado.

Dessa forma se nasceu e viveu e morreu ainda será para o todo sempre uma fagulha de luz.

Não existe em ti nada que não seja teu.

Não existe a pergunta o que existiu antes do universo ser criado. Pois “antes” traz a noção de tempo. E o tempo está contido no universo.

Não existe nada em ti que não seja teu, enquanto você existir hermeticamente fechado nas percepções de seu corpo físico.

Mas ainda assim faz parte, do todo.

Mais do que insignificante.

Mas o todo não o és.

Logo és tudo. És tudo que existe fora de ti.

Não existe nada em ti que não seja teu, mas também faz parte de tudo que existe fora de ti.

E se ainda perguntar quem eu sou.

Eu com palavras posso dizer e te explicar até que eu morra ou fique mudo.

Mas ao sair da minha boca e virar sua audição será uma percepção tua e somente tua. De modo que o que eu sou e realmente sou será o que eu for quando morrer.

Apenas poeira e terra lavada.

E mesmo que continuem a falar meu nome ele se perderá.

A minha certidão de nascimento se perderá, assim como meus documentos levados pelo tempo, até que a humanidade se consuma, de modo que nem o que falei nem o que você ouviu, vai existir.

E, então, a Terra será consumida pela expansão do sol e a galáxia se transformará.

Mas ainda assim nossa conversa existiu.

E se existiu, ela ainda pode existir pela eternidade.

Nem mais em mim ou em ti, mas no todo.

Da insignificância de nossas falas e da insuficiência de nossas línguas e palavras profanadas.

Uma fagulha de luz ainda pertence a grande explosão. E para sempre restará.

Nada se perde nada se cria tudo se transforma (Lavoisier)

A poeira ou menor partícula que habitou em mim, pode ter habitado o todo.

E se esteve aqui será levado com ele.

Para longe para muito longe. Para a maior distância que inimaginavelmente pode existir.

Então, mesmo o caminho infinito existindo, ainda existe uma pegada.

Não há nada em ti que não seja teu.

Mas se existiu e ainda assim viveu, e se viveu fez parte de algo, e se fez parte de algo fez parte do universo. E se o mesmo existe, e é infinito.

Não existe nada em ti que não seja teu.

Mas também existe algo em ti, infinito.

Foto: Depositphotos / Direitos Reservados

MAIS COLUNAS